Com o trabalho remoto virando padrão, o grande desafio das corporações é reduzir os pontos negativos e ressaltar benefícios
A conectividade constante revolucionou o mundo corporativo, viabilizando o trabalho a qualquer hora em qualquer lugar. Mas nem tudo são flores! O trabalho remoto também tem seu lado negativo, como mostra o relatório “Trabalhar a qualquer hora, em qualquer lugar e seus efeitos no mundo do trabalho“, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Eurofon (Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho).
Os trabalhadores com grande mobilidade são mais solitários, têm longas jornadas, não têm privacidade – já que a mistura entre a vida profissional e pessoal é inevitável – têm suas tarefas intensificadas e como consequência de tudo isso, correm o risco de apresentar resultados negativos na saúde e no bem-estar.
Com o trabalho remoto virando padrão, o grande desafio das corporações é reduzir os pontos negativos e ressaltar benefícios como redução no tempo de deslocação, mais autonomia no tempo de trabalho, o que conduz a maior flexibilidade em termos de organização de tempo de trabalho, melhor equilíbrio, em geral entre a vida profissional e familiar e maior produtividade.
Mas para que essas vantagens sejam proveitosas é primordial que o bom senso fale mais alto. É necessário respeitar os horários de trabalho dos colaboradores. Não se pode punir funcionários que não estão disponíveis após o expediente, nos fins de semana ou durante feriados e férias.
A maior parte das grandes corporações sabem que funcionários bem descansados são mais felizes e produtivos ao longo prazo. A Deutsche Telekom não envia e-mails para os executivos nos fins de semana ou feriados. Na Volkswagen, o encaminhamento de e-mails para os celulares é feito meia hora depois que o funcionário começa a trabalhar e meia hora antes do fim do expediente, as mensagens não são mais enviadas.
Outro aspecto importante é a confiabilidade, ela tem que ser a base para esse tipo de relação. Não há necessidade de controlar nada. Se você permite que alguém trabalhe em casa é porque você confia nesta pessoa. Não vejo nenhuma razão para que uma lei seja aprovada com relação a este aspecto.
Uma legislação seria favorável sim, para a adaptação das pessoas às novas condições de trabalho. Quando novas regras são estabelecidas por legislação, a mudança é aceita com mais facilidade, abrindo menos espaço para discussão e polêmica. Quanto mais for regulamentado pela legislatura, menos “mal-entendidos” haverá nos aspectos referentes à responsabilidade, remuneração de horas extras, descanso e segurança no trabalho em casa.
Vale lembrar que corporações são feitas por pessoas e quanto mais satisfeitas essas pessoas estiverem, maior será a produtividade. Só quem respeita os direitos de seus colaboradores pode colher bons frutos!
Por Bernd Korz , CEO da plataforma alemã de vídeo multilíngue alugha.