Invista na educação e atualização, escolhendo cursos sérios e bem avaliados pelo mercado
O título desse artigo povoa a mente de milhões de brasileiros já faz alguns anos e a resposta que todos queremos ouvir é que os empregos estão voltando, preferencialmente em todos os setores da economia. Mas a saúde econômica de uma nação tende a obedecer a ciclos e no Brasil esse fenômeno não é diferente.
Recentes indicadores de crescimento – embora tímidos – da nossa indústria começam a sinalizar um apetite maior dos empresários para riscos, pois eles têm apostado numa retomada mais forte e menos lenta da confiança do consumidor. Mesmo com um cenário político ainda turbulento que impede a economia de descolar-se totalmente, o país vivencia um bom controle interno da inflação e uma queda contínua na taxa de juros SELIC, ingredientes estimuladores de um melhor cenário econômico.
Simpatizem ou não com o Governo Executivo Federal, a verdade é que medidas corretivas vêm sendo tomadas e sinalizadas corretamente. Diz o dito popular que “os remédios amargos são os que curam” e, como tal, para que a locomotiva brasileira volte aos trilhos do progresso e desenvolvimento, os remédios amargos terão que ser ministrados, mais cedo ou mais tarde. Leia-se a reforma da previdência, trabalhista e tributária. Cancros terríveis na ordem correta de urgência e importância que devem sim ser combatidos e extirpados, goste ou não a massa do funcionalismo público, imprudentemente fermentada desde 2004.
Todo esse cenário ilustra o “oceano” político e macroeconômico no qual os brasileiros têm de navegar, contando com a destreza e coragem de quem quer que esteja no timão da nau a partir do ano que vem. Contudo, descendo para um cenário microeconômico e tentando responder a pergunta-título, hoje se depara com grandes corporações nacionais e multinacionais, com raras exceções, ainda ajustando seus quadros de colaboradores numa equação com resultado, infelizmente, ainda negativo, ou seja, demitindo mais do que contratando.
Os altos custos e cadeias de valor maiores e mais complexas são diretamente impactadas pela confiança do consumidor na ponta e, por enquanto, esse aumento de confiança ainda é tímido para inverter essa equação dos empregos. Por outro lado, as pequenas e médias empresas estão dando um sinal positivo e gerando mais empregos do que demitindo.
Pesquisa do SEBRAE, baseada em dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho mostram isso. Pelo segundo mês consecutivo no ano, em fevereiro os pequenos negócios lideraram a geração de empregos no país, com a inserção de 56,1 mil novas vagas formais. Isso significa no primeiro bimestre de 2018 um resultado 32% superior do que no mesmo período do ano passado. Desde janeiro, as micro e pequenas empresas já responderam pela criação de 142,9 mil postos de trabalho. O setor de serviços foi o que apresentou melhores números, puxado pelos pequenos negócios ligados às atividades de Ensino e pelas empresas do ramo imobiliário. O levantamento do SEBRAE também mostra um relevante aumento dos pequenos negócios na área da Indústria de Transformação. O volume de postos ocupados no setor foi impulsionado pelas empresas de fabricação de calçados, seguida pela indústria de produtos alimentícios e bebidas.
No mesmo período, as médias e grandes corporações acumulam a extinção de 8,9 mil empregos. Enquanto a maioria das empresas do segmento agribusiness está contratando mais do que demitindo, a maior parte dos grandes bancos segue no sentido contrário, nitidamente impactados e incomodados por novos entrantes no setor – empresas com um modelo de negócio mais atrativo para o consumidor e também uma interação menos burocrática e custosa.
O setor de Private Equity e Venture Capital que investe em tecnologia e em negócios digitais, geralmente em empresas de pequeno e médio porte, tem também contribuído para a equação dos empregos com um resultado positivo.
Destaca-se ainda a situação das empresas familiares. Essas organizações ainda são muito representativas no Brasil para a geração de empregos, atuando num importante papel de forças motrizes regionais em conjunto com seus ecossistemas de parceiros e fornecedores. Algumas delas vêm se modernizando e procurando de alguma forma “entender” a chamada “transformação digital” e qual o seu impacto real nos negócios e nas cadeias de valor. Num mundo onde não mais “os maiores engolem os menores” e sim os “mais rápidos comem pedaços dos mais lentos”, contar com os profissionais certos para esses movimentos de ataque ou proteção de mercado tem demandado oportunidades para trabalhadores com uma qualificação mais antenada com o futuro.
Já existem no Brasil importantes polos não só de formação e desenvolvimento desses profissionais, mas também bases de empresas da nova economia em cidades como Campinas, Uberlândia, São Carlos, Florianópolis, Recife, dentre outras importantes.
Nunca é tarde para reciclar conhecimentos e se inserir na chamada nova economia. Existe uma grande demanda reprimida para esses profissionais. A boa notícia é que, por outro lado, surgem cada vez mais cursos de ótima qualidade voltados para essa economia digital, visando fechar um gap que as universidades e faculdades brasileiras ainda teimam em deixar abertos nos formandos.
Que a economia está retomando, isso é fato. Que o ponto de inflexão econômica ficou para trás, também é. Os investimentos diretos virão, sejam de capital interno ou externo. Nenhuma multinacional que se preze teria a ousadia de deixar o Brasil fora da sua estratégia global de crescimento. Mas, esteja preparado para isso quando aparecer uma oportunidade de emprego. Invista na educação e atualização, escolhendo cursos sérios e bem avaliados pelo mercado. O seu emprego virá mais cedo ou mais tarde. Isso também é fato.
Por Marcus Vinicius Giorgi, sócio da EXEC, consultoria especializada em recursos humanos.