Competências como habilidade em comunicação, negociação, liderança, empatia e sensibilidade se tornaram ainda mais importantes para contribuir para soluções criativas e a formação de um líder contemporâneo
Bruno Bom, fundador e diretor de Atendimento da BBDE Comunicação
Klaus Balkenhol, cavaleiro alemão, duas vezes medalhista de ouro na categoria adestramento por equipe, nas olímpiadas de 1992 e 1996, sintetizou em uma frase a distinção entre chefe e líder: “Há uma diferença entre ser um líder e ser um chefe. Os dois são baseados em autoridade. O chefe demanda obediência cega; o líder conquista sua autoridade por meio da compreensão e confiança”.
Essa distinção se aprofundou com o passar dos anos, quando inovações tecnológicas revolucionaram as formas de comunicação entre as pessoas, e contribuíram para a criação de novos modelos de negócios baseados na economia de compartilhamento, também conhecida como Gig Economy. Novos nomes começaram a ser populares entre a população, tais como Uber, Ifood, Spotify, Netflix, Google, entre outras.
Competências como habilidade em comunicação, negociação, liderança, empatia e sensibilidade se tornaram ainda mais importantes para contribuir para soluções criativas e a formação de um líder contemporâneo, antenado com as tendências que surgem diariamente e impõe desafios que, muitas vezes, o direito não tem uma solução, ou necessita se apoiar em outras ciências para encontrar uma resposta.
Porém o líder contemporâneo que lida, seja na justiça, seja em ações ou mesmo em consultorias, deve acrescentar um grande desafio a esta vasta lista de habilidades, que é conciliar a existência de paradigmas tradicionais do direito, calcadas na tradição das formação jurídica iniciada com os primeiros cursos de direito do Brasil, e causas jurídicas complexas, cuja compreensão e melhor estratégia de litigância precisam considerar conhecimentos que vão além da interpretação das normas.
Essa formação baseia-se em um currículo que prioriza o ensino do direito e, muitas vezes, deixa de lado o ensino das habilidades citadas acima e outras competências essenciais para se trabalhar no mundo jurídico, como contabilidade, noções de administração, economia, entre outros.
Ainda que ainda se restrinja a poucas instituições, em geral centros de excelência no ensino jurídico, começa-se um movimento de mudança. São cursos que, já prevendo a crescente importância de noções de tecnologia na atuação de casos complexos, começam a estruturar centros de estudos sobre o assunto, alterar suas grades curriculares para ampliar a preparação sobre essas habilidades e, principalmente, preparar os futuros profissionais com subsídios para vencer esta missão.
Uma outra ponta que necessita atenção é a mudança de mentalidade dos novos profissionais que estão se formando, em geral descritos como “millennials” e “centennial”. Agregando os dois, são pessoas que nasceram entre 1979 e XXXX, que representam a metade da população global e, portanto, uma considerável proporção da força de trabalho.
As duas gerações têm como característica terem nascido em um ambiente que convive com a tecnologia, sendo que os centennials são ainda mais absorvidos por esse impacto. Não só isso, mas são pessoas que prezam muito a flexibilidade, ter empregos em instituições que tenham um propósito, buscam melhor qualidade de vida e mais reconhecimento.
Algumas dessas características contrariam frontalmente os paradigmas tradicionais do modelo de organização jurídica. Segundo analiso no livro A Filosofia de Sucesso na Advocacia, que escrevi em parceria com Sérgio Vieira “Aqueles velhos paradigmas de liderança já não funcionam (…) alguns quesitos se fazem necessário, dos quais destacamos o pensamento crítico, que questiona paradigmas e abre caminhos e atalhos para a equipe, auxiliando-a a superar seus próprios limites e rebarbas.”
E esse aprendizado, aplicado à gestão das expecativas dos millennials e centennials é de extrema importância. Os grandes escritórios já trabalham em casos onde a teoria do direito não oferece uma resposta satisfatória, tendo que recorrer a outras áreas de conhecimento. Para detectar esse caminho, é preciso contar com profissionais de formação multidisciplinar e uma capacidade de buscar inovações para contribuir com o caso.
Enfim, Albert Einstein, célebre cientista, falou uma vez: “Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo igual”.