Estudo mostra que 76% dos respondentes estão parcialmente preparados para lidar com novas soluções tecnológicas
Três em cada quatro profissionais de Recursos Humanos não estão totalmente preparados para o uso de novas tecnologias. É o que aponta levantamento inédito da VAGAS.com, pioneira no desenvolvimento de software de recrutamento e seleção. De acordo com a pesquisa, 76% dos respondentes afirmaram que estão parcialmente preparados para lidar com novas soluções tecnológicas. Aqueles que não estão preparados somaram 16% enquanto apenas 8% estão totalmente preparados.
O levantamento também revela quanto tempo levaria para que a área de RH tenha as ferramentas ideais de tecnologia para o seu dia a dia. Mais da metade (58%) informa que levaria de um a três anos. Para 24%, em menos de um ano enquanto 12% disseram que seria em mais de três anos. Somente 6% têm todas as ferramentas necessárias atualmente.
“Essa informação converge com o momento atual do RH, onde poucas iniciativas relacionadas à tecnologia estão em desenvolvimento. Esse dado é relevante ao pensarmos que um dos requisitos para um RH de alto impacto é exatamente assumir esse pioneirismo, implementando e utilizando tecnologias para transformar a experiência do funcionário. No mundo todo, como resultado da ampliação das prioridades e do aumento da pressão, altos executivos de RH, os chamados CHRO (Chief Human Resources Officer), estão utilizando tecnologia para fazer mais com menos. Prova disto é que 77% dos participantes dessa pesquisa disseram que não tem desenvolvido projetos de inteligência artificial”, declara Rafael Urbano, da área de Inteligência de Negócios da VAGAS.com
Também foi questionado no estudo quais projetos são desenvolvidos. A liderança é ocupada por Indicadores/ BI/People Analytics, com 21%, seguido por “na área de recrutamento e seleção” (18%), novas soluções para recrutamento e seleção (14%) e treinamento e capacitação de colaboradores (13%). “Está na prioridade dessa área projetos relacionados à vida dos colaboradores e indicadores-chave para o negócio como, turn-over, custo de aquisição, ciclo de vida do funcionário, além novos softwares e sistemas para recrutamento e seleção, visando a eficiência de processos e assertividade de perfis”, explica Rafael Urbano.
O estudo “Quais são os impactos dos novos caminhos do RH” foi realizado por e-mail, de 2 a 18 de julho deste ano, para profissionais de Recursos Humanos. O principal objetivo da pesquisa foi o de identificar o atual cenário dos profissionais de RH em quatro frentes: tecnologia, metodologia de trabalho, recrutamento e talentos, cultura e propósito. Os 318 respondentes são, em sua maioria, mulheres (82%), com idade média de 35 anos, ocupam cargos de analistas e pós-graduadas.
Por onde anda o RH?
A pesquisa perguntou aos entrevistados em que momento a área de Recursos Humanos está em relação a três quesitos: tecnologia, análise e processos.
Os resultados, novamente, indicam que a adoção de novas tecnologias ainda não faz parte da realidade dos RHs – ainda que esteja nos planos da maioria.
Prova disso é que 43% dos respondentes afirmaram que o uso da tecnologia está aumentando na área de RH. Grande parte, 48%, no entanto, só pretende realizar algo nesse sentido no futuro. Apenas 9% não estão fazendo e não pretendem fazer isso.
Em relação ao planejamento para adoção de novas tecnologias, 39% disseram que isso está em desenvolvimento na área. Mais uma vez, a maioria (51%) apenas pretende fazer isso no futuro. E 10% disseram que simplesmente não farão.
Entre os respondentes, 39% afirmaram que estão capacitando a equipe para a utilização da tecnologia atualmente enquanto 48% planejam fazer isso no futuro e 13% não pretendem dar esse passo.
No quesito análise de dados, 39% estão capacitando a equipe e 47% têm essa capacitação nos planos. Apenas 18% estão construindo um time para atuar em people analytics atualmente, mas a iniciativa está nos planos de 54%. Outros 28% dizem que não têm planos para isso.
No item processos, o benchmark de práticas de RH com outras empresas já é realidade para 51% dos respondentes e está nos planos de 36%. Incentivar a troca de profissionais (job rotation) é realidade para 30%, está nos planos de 34% e não está nos planos de 36%.
Maioria do RH não é ágil
Outra vertente do levantamento, que trata da metodologia de trabalho do RH, apontou que falta rapidez na área. De acordo com 55% dos respondentes, o time de Recursos Humanos não trabalha de forma ágil e precisa ser mais rápido para responder à mesma velocidade do negócio. Quase que a totalidade (92%) dos participantes dessa pesquisa afirmou que métodos ágeis podem ser empregados na área.
Em contrapartida, foi verificado se a área de RH possui métodos ágeis no gerenciamento das tarefas e dos projetos da equipe e quais. Prevaleceram nas respostas PDCA (19%), gestão de projetos baseada em processos (14%), gestão da qualidade (11%), kanban (7%), scrum (7%), entre outros.
Falta de qualificação técnica + comportamental = escassez de talentos
Na era do pleno emprego a justificativa para a escassez de talentos era de que todos os bons profissionais estavam empregados e que eram necessárias boas propostas salariais acompanhadas de um bom pacote de atração e retenção. Com o desemprego em alta, o RH ainda nota falta de profissionais qualificados.
De acordo com a pesquisa, 65% das empresas apontam a falta de pessoas qualificadas tecnicamente como o principal motivo para a escassez de talentos. Em segundo lugar, apontada por 63% dos entrevistados, está a falta de pessoas que tenham habilidades comportamentais. Por outro lado, baixa escolaridade foi um fator apontado apenas por 19% dos entrevistados. Alta competitividade entre as empresas foi citada por 18%. E, altos salários, apenas por 11%.
“Há alguns anos, quando as empregadoras travavam verdadeiras guerras pelos melhores profissionais do mercado, inflando salários e promovendo disputas declaradas, havia um pensamento geral de que a escassez de talentos era fruto do aquecimento da economia nacional. No entanto, agora, mesmo com a crise e as altas taxas de desemprego que assolam o Brasil, as empresas continuam tendo dificuldades para encontrar os profissionais que precisam para preencher seus quadros”, analisa Rafael Urbano.
Outra parte da pesquisa procurou saber se a área de RH vem presenciando o surgimento de novos cargos no mercado de trabalho.
A enquete identificou que mais da metade (53%) percebe esse movimento, sendo as áreas de Tecnologia e Marketing Digital sendo as mais impactadas. No entanto, 35% dos respondentes não presenciam o surgimento de novos cargos enquanto outros 12% não sabem.
Quem é e como reter seu talento
A maioria dos entrevistados pela pesquisa considera como talento os profissionais que sabem trabalhar em equipe (75%), têm proatividade (74%), conseguem olhar a empresa como um todo (70%), sabem se comunicar (66%), têm comprometimento (62%), são resilientes (60%), têm equilíbrio emocional (60%), ética (56%), senso de dono (59%), responsabilidade (52%) e senso de urgência (53%). Já qualidades como “detalhista, “executor” e “educado” estão em baixa e foram apontados por menos de 20% dos respondentes.
Para os profissionais de RH participantes do levantamento, a melhor forma de reter talento na empresa é cuidando do clima organizacional, item citado por 76% deles. Isso significa que para prolongar a relação com seus profissionais de alto potencial, as companhias devem investir na criação de uma cultura com que eles possam se identificar, além de oferecer um clima de trabalho favorável. Não à toa, o segundo ponto mais citado para retenção de talentos é reconhecimento e valorização dos funcionários. O terceiro é promover o desenvolvimento educacional.
Três em cada dez empresas não têm um propósito claro
É praticamente um consenso que ter um propósito claro faz a diferença para todos os envolvidos com uma empresa. Foi o que disseram 94% dos entrevistados pela pesquisa. Mas o dado que realmente chamou a atenção foi de que 31% dos respondentes apontando que a empresa onde trabalham não possui um propósito claro de entrega ao mercado.
“É possível, e bastante provável, que esse assunto também passe a ocupar o topo da agenda de profissionais de RH. Afinal, as pessoas estão cada vez mais procurando empregos que lhes deem uma sensação de realização. E as empresas estão percebendo que um funcionário orientado por um propósito (o chamado purpose-oriented) tende a ser mais produtivo e bem-sucedido em comparação com aqueles que veem o trabalho unicamente como uma fonte de renda ou status”, sugere.
Aprimorar a experiência dos funcionários é um dos principais desafios do RH de alto impacto. Curiosamente, para 45% dos entrevistados pela pesquisa, o RH não é o responsável pela experiência dos funcionários. Pior que isso, 8% nem souberam opinar sobre o assunto. “Esse é mais um indício de que grande parte dos RHs do Brasil está ainda um pouco distante dessa transformação”, aponta Rafael Urbano.
Outro indício dessa distância é que as iniciativas do RH mais citadas para melhorar a experiência dos funcionários são promover “festas de integração” e “flexibilidade de horários”, apontadas cada uma por 41% dos respondentes.
“É preciso lembrar que diversos estudos já mostraram que os funcionários esperam
que o local de trabalho se torne mais personalizado e integrado. Esperam também que suas necessidades sejam antecipadas e atendidas, da mesma forma que ocorre com as necessidades dos consumidores das empresas”, finaliza Rafael Urbano.