Enfrentar algo como câncer de mama é muito complicado, e por isso até buscar saber se está doente pode ser um desafio, pelo temor que isso gera
Heloisa Ramos é Chief Human Resources Officer da Certsys
Falar sobre saúde pode ser muito difícil, sobretudo quando abordamos doenças tão assustadoras como o câncer. É por isso que datas como o Outubro Rosa são tão importantes, já que estimulam as pessoas a se cuidarem, facilitando o acesso a exames, disseminando informações pertinentes à doença e à saúde e oferecendo ambientes em que muitas pessoas se unem para encarar essa “sombra” juntas.
O Outubro Rosa já existe desde os anos 1990 e seu principal objetivo é ajudar na detecção precoce da doença, pois as chances de cura são imensamente maiores quando o câncer de mama é identificado cedo. É por isso que sua celebração precisa permear todos os ambientes sociais em que estamos inseridos. Não pode ser difícil achar informações a respeito da campanha, e no âmbito profissional é necessário haver espaço para falar disso.
Apenas para contextualizar, o INCA – Instituto Nacional de Câncer, divulgou que houve 66.280 novos casos de câncer de mama em 2021. O risco da doença é de 62 casos a cada 100 mil pessoas que possuem as mamas. Além disso, 37,3% dos óbitos pela doença, no mesmo ano, foram considerados prematuros (em pacientes entre 30 e 69 anos). Os números de óbitos ainda são muito altos para uma doença que pode ser curada em boa parte das vezes em que é detectada cedo, o que indica que as pessoas ainda estão com dificuldade em receber informações a respeito.
Esse cenário tende a melhorar com investimentos das empresas em divulgar a campanha em seus espaços, pois, afinal de contas, um dos ambientes sociais mais comuns às pessoas é o trabalho. Sabemos que nem todas as empresas possuem meios de fazer campanhas internas, trazendo profissionais de saúde para examinar as pessoas, mas basicamente qualquer negócio consegue trabalhar pelo viés da informação e discussão do tema.
As lideranças e os departamentos de recursos humanos, por exemplo, podem organizar informativos e palestras que divulgam ações sociais focadas em atender as pessoas em suas cidades, sendo que essas ações, muitas vezes organizadas pelas próprias prefeituras, geralmente oferecem exames gratuitos, sem necessidade de guias médicas e encaminhamentos para especialistas. Além disso, outra informação facilmente disseminada é como realizar o autoexame, dado que há uma miríade de conteúdos oficiais de instituições e órgãos de saúde que explicam o passo a passo do procedimento.
A simples exibição de um vídeo informativo e uma newsletter com informações já faz uma diferença imensa. Na Certsys, por exemplo, realizamos, nesse ano, um bate-papo muito interessante com foco na data. A conversa foi com Isabelle Novelli, renomada nutricionista, explicando sobre o foco de cuidado preventivo do câncer de mama por meio de alimentação e gatilhos mentais.
De minha parte, por exemplo, sempre busco divulgar o Amor em Mechas, da qual sou madrinha. Essa é uma instituição que tem como foco ajudar mulheres que estão em tratamento de câncer a ter sua autoestima estabelecida como parte do apoio no tratamento. A organização existe desde 2017, e surgiu a partir experiência da própria fundadora. Lá eles recebem doações de cabelos para a confecção de perucas com destinos gratuitos para mulheres que estão passando por essa fase emocional e física. As madrinhas são responsáveis por disseminar a causa e fomentar as doações em empresas e salões de cabelereiro. O instituto também recebe doações de lenços, echarpes e bijuterias para bazares e reversão dos valores para manutenção das entregas dos Kits do Amor: peruca, lenço, álcool gel, colar de pérolas, brinco, maquiagens, livros e muito amor.
Enfrentar algo como câncer de mama é muito complicado, e por isso até buscar saber se está doente pode ser um desafio, pelo temor que isso gera. Saber que seu ambiente profissional oferece um espaço seguro e apoio faz a diferença. Contar com uma roda de conversa, com colegas e amigas de trabalho, por exemplo, mune as pessoas de coragem para fazer o autoexame, procurar um médico ou visitar alguma ação social focada no tema.
O papel das organizações é informar, promover a saúde, gerar espaços de diálogo e prezar pelo bem-estar coletivo. Além disso, vale lembrar que apesar do foco da campanha ser em outubro, é possível buscar auxílio o ano todo, e é responsabilidade do RH fazer esse tipo de iniciativa conhecida dentro das empresas.