Preparar os jovens para um mundo mutável, ambíguo e dinâmico é essencial, e os educadores desempenham um papel fundamental nessa construção, especialmente com a evolução tecnológica, cada vez mais presente no aprendizado.
Por Roberta Saragiotto, diretora de People e Strategy na Start Carreiras
Quando penso nas minhas filhas, penso em como a formação de um ser humano é multifacetada — não existe uma fórmula ou um manual de instruções universal. Se até os anos 80 a criança não era nem considerada um sujeito de direitos, hoje, com toda a atenção voltada ao desenvolvimento social e educacional, é comum que os pais sejam mais cobrados pelo resultado dessa criação. Embora sejamos os primeiros e mais influentes educadores na vida de uma criança, existem dois outros ‘P’ que acredito serem tão importantes quanto: os professores e os profissionais.
Um estudo realizado pelo Institute for Generational Research and Education revelou que 34,9% dos jovens da Geração Z afirmam que a opinião dos pais ou responsáveis tem grande influência em suas decisões. O cenário atual apresenta constantes provocações para essa geração, mas esse movimento não começou agora: a influência parental vem se intensificando ao longo das gerações, refletindo mudanças nas dinâmicas familiares e na sociedade. Inclusive, uma das características da Geração X — pais dos millennials e avós dos Gen Z — é o esforço para proporcionar um ambiente seguro e estável para os filhos.
Outro dado interessante apontado pela mesma pesquisa é que 16,6% dos jovens consideram a opinião dos professores muito importante em suas tomadas de decisão, sendo essa a segunda principal base no desenvolvimento intelectual e social de uma geração. Uma análise de mais de 400 estudos da Associação Americana de Psicologia revelou que, quando os pais se envolvem na educação dos filhos, estes demonstram maior aproveitamento acadêmico, engajamento escolar e motivação. O papel do professor também evoluiu: além de detentores do conhecimento, são mediadores e facilitadores da aprendizagem.
Os professores, assim como os pais, têm a função de orientar esses seres humanos em formação, para que eles consigam, por conta própria, resolver conflitos de qualquer natureza. Preparar os jovens para um mundo mutável, ambíguo e dinâmico é essencial, e os educadores desempenham um papel fundamental nessa construção, especialmente com a evolução tecnológica, cada vez mais presente no aprendizado.
O terceiro ‘P’ representa o elo entre a educação formal e o mundo prático — ou seja, os profissionais. A diversidade geracional no ambiente de trabalho é um fator que influencia muito na formação das novas gerações. Uma pesquisa realizada pela Forbes indica que 84% das empresas acreditam que essa diversidade resulta em maior inovação de ideias. Esse é o pilar do “mundo real” — integrar-se bem no ambiente de trabalho não é o produto final de um esforço que começa desde o primeiro momento do desenvolvimento cognitivo de um bebê, mas sim uma parte dessa integração na sociedade. Estar aberto ao aprendizado é algo que devemos estimular e exemplificar: não adianta reclamar do estagiário que acha maçante aprender a mexer numa planilha do Excel se você, como líder, também não se abre para novas ideias. Formar cidadãos “completos”, capazes de navegar pelo mundo e preparados para os desafios, é um trabalho que, sem dúvidas, deve ser feito em equipe.