Como despertar a paixão em profissionais que diariamente têm que resolver problemas, conflitos e, muitas vezes, lidar com frustrações?
Renata Spallici é Vice-Presidente da Apsen Farmacêutica e autora do livro “Sucesso é o resultado de times apaixonados”
O ambiente corporativo está sendo constantemente desafiado por mudanças nos hábitos sociais, disrupções provocadas por novas tecnologias, crises econômicas e de saúde, além de guerras que surgem de forma inesperada.
Uma recente pesquisa da McKinsey evidenciou que a pandemia do coronavírus acelerou importantes mudanças na abordagem de negócios. As empresas tiveram que aumentar a velocidade da tomada de decisões e melhorar a produtividade, usando tecnologia e dados de novas maneiras e acelerando o escopo e a escala da inovação. E funcionou. A implementação do trabalho remoto tornou-se 43 vezes mais rápida, a adoção de tecnologias avançadas nas áreas operacionais ficou 25 vezes mais rápida e a migração de dados para a nuvem tornou-se 24 vezes mais rápida.
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O conceito de um mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible, traduzindo para português, um mundo Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível) tornou-se mais atual do que nunca, desafiando profissionais e corporações em busca do sucesso.
Os tomadores de decisão passaram a lidar com novas variáveis até então pouco conhecidas. Esse cenário reforçou ainda mais um ponto fundamental para o sucesso dos empreendimentos: o foco de tudo está na paixão com a qual as pessoas desempenham seus papéis.
No entanto, como despertar a paixão em profissionais que diariamente têm que resolver problemas, conflitos e, muitas vezes, lidar com frustrações?
Formar times apaixonados é uma construção que se inicia com uma reflexão profunda sobre qual é o propósito verdadeiro da empresa. Propósito é a razão de uma organização existir, resume os valores históricos, éticos, emocionais e o funcionamento de uma empresa. Em síntese: propósito é a resposta quando se pergunta o porquê de as empresas fazerem o que fazem.
Quando se tem clareza sobre essa razão de existir da empresa, o próximo passo para formar times apaixonados é mobilizar os corações e mentes em torno dela. E isso só é conquistado quando se tem como vetor de engajamento a cultura organizacional.
Os líderes precisam se certificar que todos compreendam, internalizem e pratiquem essa cultura, e isso acontece por meio da sua materialização. A cultura precisa ser decodificada e disseminada para o seu público interno especialmente, mas também para o externo.
Todos precisam compreender o que move a organização, como é o jeito de fazer as coisas e de lidar com os problemas e desafios. Quais são seus comportamentos e como se organizam enquanto time de trabalho, qual é a sua fórmula de sucesso e qual seu modelo de gestão e de negócios. Tudo isso faz parte da cultura organizacional e precisa ser cuidada, observada e administrada no dia a dia dos negócios.
A empresa que tem uma cultura organizacional forte, harmoniza a sua gente, expurgando pessoas que não têm os mesmos valores, para manter a essência e colocar o negócio em um caminho de expansão sem volta.
Quando a comunidade entende o propósito da organização e todos estão conectados por meio da cultura organizacional, é possível formar times de alto desempenho. Uma equipe de alta performance antecipa as necessidades de futuro, está sempre pensando à frente, provocando, trazendo informações e buscando tendências. Uma equipe que é inquieta o suficiente para que o líder não deixe passar qualquer novidade importante para o seu negócio, que tenha uma comunicação bastante assertiva e aberta, e um nível de colaboração e união gigantesco.
O comprometimento desse tipo de equipe é com resultados de alto nível. Mas, para isso, é preciso um time alinhado com os valores, propósito e apaixonado pela visão de futuro da empresa.
Geralmente, uma equipe assim vai ajudar a qualquer custo, porque ela também quer “chegar lá”. E, se o líder sabe unir o que há de melhor em cada um, é justamente na variedade de conhecimentos, bagagens e ideias que será possível levar a organização a melhores resultados.
O alto desempenho é apenas um dos componentes para a formação de times vencedores. Mas falta ainda um elemento essencial: o sonho.
O sonho é um potente combustível. Somado à paixão, ele leva equipes e organizações muito além do que a simples motivação. Pensando em uma organização, imagine o poder de vários sonhos conectados.
Quando um líder consegue conectar os sonhos de cada um dos seus colaboradores ao sonho da própria empresa, a organização, qualquer que seja o seu tamanho, entra em um estado de expansão espetacular e coisas incríveis acontecem.
A empresa vive e transpira os desafios, todos juntos. Todos sonham juntos. Com essa energia coletiva, executivos mais velhos rejuvenescem. O vigor e a energia dos indivíduos, em todas as equipes, transbordam. As gerações se complementam e a diversidade enriquece as discussões.
Vivenciei isso na Apsen. Conseguimos trazer cada um dos nossos colaboradores para compreender o seu papel na construção do nosso futuro, da importância de cada um deles e, principalmente, conseguirmos estabelecer a conexão entre os sonhos individuais e de realizações profissionais dessas pessoas, com os nossos próprios.
Eu sei que dá certo! Com um propósito compartilhado, uma cultura organizacional forte e agregadora, equipes competentes e todos vivendo o mesmo sonho, os times se apaixonam pelo que fazem e conduzem a empresa para o sucesso!