Por Maurício Pedro, gerente do atendimento corporativo do Senac São Paulo
Não foram poucos os impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no universo laboral. Em um curto espaço de tempo, foram necessárias adaptações tecnológicas, migração para o home office, necessidade de oferecer apoio psicológico e emocional para os funcionários, entre outras mudanças.
A revisão dos papéis que assumimos na vida acabou ganhando outro contorno e tivemos a oportunidade de revisitar nossos propósitos. O repensar da carreira, do autodesenvolvimento, da importância da formação educacional, da percepção da vida corporativa e do ambiente de trabalho entraram na agenda do dia.
Segundo *relatório anual do Fórum Econômico Mundial (WEF), The Future of Jobs, responsável por mapear empregos e habilidades do futuro, até 2025 a automação substituirá 85 milhões de empregos no mundo e um novo direcional de trabalho no qual a convivência entre máquinas, algoritmos e humanos criará 97 milhões de empregos.
Portanto, o cenário que está por vir é de multiprofissões, altamente mutável, complexo, com desenvolvimento tecnológico exponencial no qual será preciso identificar oportunidades e necessidades, utilizar inteligência emocional e desenhar propostas de solução. Essas transformações vão exigir que todos se comprometam com o seu encaminhamento, que assumam a responsabilidade de atentar para as novas demandas e que aprendam sempre.
Dentro do ambiente de negócios, cresce a importância do lifelong learning, conceito de educação continuada. A expansão do aprendizado passa a ser um processo sem fim, os profissionais necessitam estar dispostos ou estimulados a conhecer algo novo e as organizações devem se preparar para desenvolvê-los.
Facilitadores para as empresas
A pandemia diminuiu muito a resistência ao desenvolvimento profissional por meio da tecnologia, havendo uma consolidação dos cursos de ensino a distância no segmento corporativo. Na área de treinamento e desenvolvimento (T&D), os cursos passaram a ser mais rápidos e práticos para utilização imediata dos conhecimentos no trabalho. Houve também a oferta de cursos autoinstrucionais e assíncronos para que os profissionais pudessem realizá-los no melhor horário dentro da rotina, administrando vida profissional e pessoal.
Para garantir maior engajamento, o ensino a distância na educação corporativa se apresentou e tem se apresentado de diversas formas, tais como microlearning, mobile learning, trilhas de aprendizagem, e-learning, gamificação, materiais textuais, entre outros. Outro método que passou a ser utilizado para a aplicação de treinamentos, ações educacionais e de capacitação foi a forma remota utilizando diversas plataformas digitais.
Além das adaptações na área de Treinamento & Desenvolvimento, é possível observar outras dinâmicas em transformação, como a revisão dos processos e estruturas das empresas, as mudanças do sistema de comando e controle, o aumento da transparência da comunicação entre a alta liderança e os funcionários, o engajamento com a própria carreira, preocupação efetiva com o capital humano e por aí vai.
Diante de todas as reflexões sobre os efeitos provocados pela crise do novo coronavírus, nota-se que as certezas deram lugar às incertezas, a rigidez à flexibilidade, a previsibilidade das carreiras a adaptações delas. Daqui em diante, notaremos os efeitos permanentes no modo de ser e de trabalhar.
O lado de bom é que como já dizia **Friedrich Nietzsche, o ser humano é dotado de ‘força plástica’, ou seja, possui a capacidade de crescer por si mesmo, compreender o passado, cicatrizar as feridas, reconstruir o que foi destruído. Temos grande capacidade de adaptação e esse será o maior legado da crise sanitária.