Pesquisas mostram que a reprovação ativa diversas regiões no cérebro, até as que têm relação com a dor física
Pensamentos do tipo “espero não ter ninguém em casa para tocar meu violão sem ter que lidar com gozação”, ou “será que eu coloco esta ou aquela roupa… uso este ou aquele tom de voz… quando encontrar com a pessoa que estou querendo conquistar”, habitam sua cabeça? Se sim, você é um dependente de aprovação. Essa atitude é tão prejudicial quanto a de comer compulsivamente, que te divorcia da possibilidade de ser saudável, tão ruim quanto a de usar drogas, que te impede de ter lucidez. Ou seja, é perder a sua autenticidade.
Nós seres humanos queremos sempre a inclusão, afinal, a rejeição nos desencadeia medo. E isso está marcado em nossos arquivos mais primórdios. Na Antiguidade, ser expulso ou ficar isolado do grupo de convivência significava risco de perder a vida. O dilema é que mesmo depois de mais de 2 mil anos esses registros ainda interferem em nossas vidas.
Pesquisas mostram que a reprovação ativa diversas regiões no cérebro, até as que têm relação com a dor física. Se já não vivemos mais em cavernas, que tal fazer as pazes com a rejeição? Um dos caminhos é enxergá-la como uma possibilidade de rever o que aconteceu com você e se perguntar: eu fui autêntico em determinada situação? Lembre-se do fato e depois avalie o que pensou, sentiu e se a maneira como agiu estavam alinhados ao seu sentimento.
A partir daí, perceba se a pessoa que te repeliu não te compreende ou não quer lidar com seu verdadeiro eu. Então, ou você utiliza toda sua compaixão para continuar a conviver com ela, ou escolhe manter uma distância saudável. A outra possibilidade é você perceber tudo isso e querer realinhar profundamente sua relação com este indivíduo, propondo que ambos revejam as expectativas mutuamente.
Para fazer as pazes com a rejeição, abrace sua mentalidade de crescimento. Isso acontece quando você determina que irá cuidar de sua autenticidade como uma habilidade a ser desenvolvida ao longo do tempo por meio de vivências de autoconhecimento, leituras sobre autoestima e autoconfiança. Esta opção nos conecta com a consciência de que todos os dias vivemos nosso pleno potencial. Isso nos deixa mais propensos a nos desafiarmos e paramos de perceber o feedback e a desaprovação como sinais de fracasso. Ao entender que há um abundante espaço para crescimento, nos afastamos da necessidade constante de validação.
Allessandra Canuto é especialista em gestão estratégica de conflitos e negociação, facilitação e treinamento para potencializar negócios através do desenvolvimento de pessoas.