A headhunter Maria Eduarda Silveira reforça a importância de romper o paradigma das mulheres como únicas responsáveis pelo cuidado dos filhos
Mesmo ao batermos a marca de oito bilhões de habitantes no mundo, os paradigmas que recaem sobre a maternidade no mercado de trabalho ainda insistem em se fazer presentes.
Atualmente, as mulheres representam 45,5% da População Economicamente Ativa no Brasil, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Neste contexto, um levantamento recente conduzido pela Think Work com mais de 200 trabalhadores em todo país identificou que mais da metade das mulheres respondentes tiveram menos oportunidades de crescimento na carreira após se tornarem mães. No caso dos homens, esse número cai para 30%.
Felizmente, os debates a respeito deste tema se tornam cada vez mais intensos nas organizações e, ainda que em passos lentos, já é possível ver mais mulheres conseguindo ocupar posições de destaque. Neste ano, pela primeira vez, cerca de 10% das empresas listadas na Fortune 500 são lideradas por mulheres CEOs.
“Sabemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o tema da parentalidade, especialmente, seja visto com equidade entre os gêneros, mas perceber que o mundo vem mudando e as práticas corporativas têm adotado novos formatos para inclusão e para que o trabalho seja mais sustentável é animador”, sinaliza Maria Eduarda Silveira, sócia-fundadora da consultoria de recrutamento especializado e desenvolvimento organizacional Bold HRO.
Um estudo com mais de 1500 respondentes sobre a experiência da parentalidade na visão de pais, mães e lideranças conduzido pela Filhos no Currículo, consultoria de impacto focada em ampliar o diálogo da parentalidade dentro das empresas, identificou que, ao perguntar se a companhia na qual atuam é um bom lugar para se trabalhar, 87% dos pais responderam estarem satisfeitos, enquanto que esse número cai para 68% no caso das mães.
“Romper com vieses inconscientes é fundamental para evoluir neste assunto. Não podemos julgar uma mulher que diz que precisa se ausentar do trabalho por conta dos filhos em determinada situação, mas enaltecer o homem como um grande pai numa situação similar”, comenta Silveira. “Para as empresas, é importante que tenham clareza se desejam se tornar um pilar fortalecedor e apoiador dos seres humanos que são pais e mães dentro da sua organização e que, se não estiverem minimamente bem para realizarem os seus trabalhos, o próprio resultado da companhia será prejudicado também”, complementa a headhunter.
Para as empresas que ainda estão em busca de caminhos para endereçar o tema, o recomendado é começar por calibrar o olhar para o assunto reforçando a parentalidade como uma pauta da familia, criando uma cultura e pilares que tragam esse olhar, sem deixar de lado o engajamento da liderança neste processo, de forma que ela tenha condições de acolher e promover um ambiente de segurança para aqueles que vivenciam a parentalidade.
“Atualmente, temos mais empatia, enxergamos e compreendemos mais o humano do outro lado. Contratamos pessoas e essas pessoas terão seus eventos de vida pessoal, que muitas vezes inclui filhos. É com essa naturalidade da vida que a parentalidade deve ser tratada e que as discussões sobre este assunto devem ser conduzidas dentro das empresas”, conclui Silveira.