No entanto, mulheres que sofrem com a condição podem se beneficiar com mudanças no estilo de vida para reduzir o risco de doença hepática
Mulheres com períodos menstruais longos ou irregulares são conhecidas por terem um risco maior de diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, mas um novo estudo, publicado em março no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, periódico da Endocrine Society, descobriu que elas também podem estar em risco de doença hepática gordurosa não alcoólica, também chamada de doença hepática metabólica ou esteatose hepática. “As pessoas afetadas geralmente têm diabetes tipo 2, bem como um risco aumentado de cirrose hepática e doenças cardiovasculares. Além disso, a doença hepática metabólica está associada ao aumento da mortalidade. Um desequilíbrio entre a ingestão e o consumo de energia é discutido como a causa da doença. Isso leva a depósitos de gordura no fígado e, com o tempo, prejudica a função das mitocôndrias – ambos fatores de risco para o desenvolvimento de resistência à insulina hepática e inflamação do fígado”, destaca a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Segundo o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, os resultados do estudo mostram que ciclos menstruais longos ou irregulares podem estar associados a um risco aumentado de desenvolver doença hepática gordurosa não alcoólica e esse vínculo não foi explicado pela obesidade. “Estudos anteriores já mostraram que ciclos menstruais longos ou irregulares estão associados a diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, diz o médico.
A prevalência desse tipo de doença é alta. Em todo o mundo, uma em cada quatro pessoas sofre de doença hepática não alcoólica (também chamada de doença hepática metabólica). “A esteatose hepática pode progredir para dano hepático crônico e está associada a um maior risco de morte. Dieta e exercício são o padrão de tratamento, pois nenhum medicamento específico foi aprovado para tratar a doença”, diz a médica.
Os pesquisadores estudaram um conjunto de dados de 72.092 mulheres com menos de 40 anos. Cerca de 28% dessas mulheres tinham ciclos menstruais longos ou irregulares e 7% tinham a doença hepática gordurosa não alcoólica. “Os pesquisadores acompanharam quatro anos depois e descobriram que novos casos da doença ocorreram em quase 9% das mulheres. Os pesquisadores concluíram que havia uma associação entre ciclos menstruais longos ou irregulares em mulheres jovens na pré-menopausa e um risco aumentado de estateose hepática”, diz o Dr. Fernando.
Para prevenir e tratar a doença hepática metabólica, a modificação do estilo de vida com aumento da atividade física é recomendada. “O estudo mostrou que mulheres jovens com ciclos menstruais longos ou irregulares podem se beneficiar de mudanças no estilo de vida para reduzir esse risco, bem como outras doenças cardiometabólicas”, diz o Dr. Fernando. Segundo a Dra. Marcella, os exercícios físicos são especialmente benéficos para reduzir o armazenamento de gordura no fígado, por estimular as mitocôndrias (pulmão das células) no órgão, o que diminui os riscos de doenças hepáticas. “O consumo de uma dieta diversificada e equilibrada, com folhas, frutas e vegetais, carboidratos fibrosos, proteínas magras e gorduras de boa qualidade, associados ao exercício físico, promoverá um melhor tratamento da gordura no fígado, associado ao tratamento prescrito pelo médico”, finaliza a Dra. Marcella.