Estudo revela lacunas preocupantes nas práticas empresariais voltadas à saúde mental e destaca a importância de ambientes corporativos mais seguros e acolhedores para os colaboradores.
Um levantamento inédito da Vittude, referência em saúde mental corporativa, realizado em parceria com a Opinion Box, revelou um dado alarmante: 40% dos brasileiros percebem o trabalho como uma fonte significativa de estresse e desgaste mental. O estudo, intitulado “Saúde Mental em Foco: Desafios e Perspectivas dos Trabalhadores Brasileiros – Edição 2024”, expõe desafios estruturais nas empresas e uma lacuna preocupante entre ações oferecidas e a real necessidade dos colaboradores.
Além disso, 34% dos entrevistados afirmaram que suas companhias não adotam práticas voltadas à saúde mental, e 36% não consideram eficazes os programas existentes. O índice de satisfação (NPS) em relação à promoção de saúde mental pelas organizações registrou um preocupante -19, indicando altos níveis de insatisfação.
Trabalho como fator central no bem-estar emocional
A pesquisa, realizada entre 22 e 29 de agosto de 2024 com 2.013 participantes de todo o Brasil, destacou o impacto do trabalho no bem-estar emocional dos brasileiros. Enquanto 25% disseram se sentir muito bem em relação à saúde mental no trabalho, 18% relataram o oposto, indicando que o ambiente corporativo pode ser tanto um espaço de realização quanto um vetor de sofrimento psíquico.
“Para quem se sente bem no trabalho, ele representa crescimento e realização. Mas, para os 18% que se sentem mal ou muito mal, o ambiente corporativo pode ser um gatilho para problemas graves de saúde mental. Isso evidencia a responsabilidade das empresas em criar condições que favoreçam o bem-estar”, explica Tatiana Pimenta, CEO e cofundadora da Vittude.
Práticas empresariais aquém das expectativas
A pesquisa mostrou que, apesar de esforços pontuais, muitas organizações ainda não estão preparadas para lidar com o tema. Entre as práticas adotadas:
- 24% promovem palestras e eventos sobre saúde mental;
- 23% possuem políticas contra discriminação e assédio;
- 22% disponibilizam equipes de saúde e bem-estar.
Contudo, apenas 17% das empresas oferecem sessões de terapia pelo plano de saúde, e 9% subsidiam integralmente os custos. Essa deficiência se reflete diretamente nos números: 27% dos entrevistados que não fazem terapia apontaram o custo como a principal barreira, com 23% relatando gastos superiores a R$ 300 mensais.
“Embora ações existam, muitas ainda são insuficientes para atender à demanda. As empresas precisam sair da superficialidade e adotar uma abordagem mais integrada e proativa”, pontua Tatiana.
NPS revela insatisfação generalizada
O estudo também utilizou o Net Promoter Score (NPS), uma métrica que avalia a lealdade e satisfação dos colaboradores. O resultado de -19 demonstra que 46% dos trabalhadores são detratores, ou seja, não recomendariam suas empresas como promotoras de saúde mental. Outros 27% são neutros, indicando uma percepção de ineficácia ou desconhecimento sobre as ações implementadas.
“Esses dados refletem um cenário crítico, no qual grande parte dos trabalhadores percebe as ações de saúde mental como inexistentes ou ineficazes. É um alerta para que as empresas repensem suas estratégias, indo além de iniciativas simbólicas para criar uma cultura de cuidado genuíno”, ressalta Tatiana.
Um olhar para o futuro
Com o lançamento anual do relatório, a Vittude busca oferecer às empresas dados e insights que auxiliem na criação de ambientes mais seguros e acolhedores. Segundo Tatiana, a intenção é construir uma série histórica robusta que ilumine os desafios atuais e direcione mudanças significativas no futuro.