A edição 2017 da pesquisa Carreira dos Sonhos é realizada pelo Grupo DMRH e Cia de Talentos
Desde 2002, o Grupo DMRH mapeia as empresas em que os jovens sonham em trabalhar, porém, a partir de 2016 a pesquisa passou a acompanhar também os desejos e anseios da média gestão e alta liderança.
Na edição de 2017 da pesquisa Carreira dos Sonhos, o Google manteve o primeiro lugar e já soma quatro anos nessa posição. Já a Nestlé é a única empresa que esteve no ranking durante todos os 16 anos da pesquisa.
A novidade no ranking de 2016 e que ganha força nesta edição é a ONU. Este ano, ela figura pela segunda vez entre as empresas dos sonhos não apenas dos jovens, mas também da média gerência e dos altos executivos. “A ONU começou a ter mais expressão em 2012, embora ainda não estivesse entre as 10 mais citadas pelos jovens. No entanto, desde aquele ano as pessoas começaram a falar mais sobre deixar uma marca positiva no mundo. Temos visto crescer a preocupação das pessoas com uma atuação responsável.
Tudo bem o lucro ser um objetivo, mas precisa vir acompanhado da preocupação em construir uma sociedade mais justa, o que envolve economia sólida, respeito ao meio ambiente e políticas sociais que garantam melhores condições de vida. Ações que materializem as promessas e valores”, explica Danilca Galdini, diretora da Nextview People, empresa parceira do Grupo DMRH na realização da pesquisa.
Quem também aparece no ranking da Empresa dos Sonhos é a Disney. O curioso é que quem cobiça trabalhar na companhia é a alta liderança. “Uma das principais preocupações dos líderes empresariais é a experiência do cliente, todos sabem que isso é vital para o sucesso do negócio. A Disney é referência quando o tema é experiência positiva, eles têm uma cultura empresarial bem definida e ela guia as ações de todas as pessoas que trabalham lá”, afirma Danilca.
Confortável com o desconfortável
O estudo, realizado pelo Grupo DMRH e Cia de Talentos, ouviu 82.173 pessoas de todo o Brasil, em diferentes momentos de carreira, entre janeiro e março deste ano. As respostas foram obtidas a partir de questionários online. Entre os entrevistados estavam 65.833 jovens (estudantes e recém-formados), 11.804 profissionais de média gestão (coordenação à gerência plena) e 4.536 da alta liderança (gerentes sêniores a presidentes).
A pesquisa constatou que os profissionais falam com mais propriedade e clareza sobre o que significa na prática um trabalho que gere aprendizado, que permita usar suas habilidades e que possibilite ter integração de vida, que é exatamente o que buscam. Prova disso é que 66% dos jovens, 68% da média gestão e 77% da alta liderança disseram que estão dispostos a encarar novos modelos de trabalho, em que seja possível experimentar maior flexibilidade e autonomia.
Outro ponto que une as três faixas de profissionais é a expectativa de que trabalho e felicidade caminhem juntos. Ser feliz com o que faz é um importante motivador profissional para 60% dos jovens, 54% da média gestão e 61% da alta liderança. Por último, porém, não menos importante está o fator que mais incomoda os profissionais no mercado de trabalho: falta de coerência entre o que se fala e o que se pratica. Esse dado foi apontado por 22% dos jovens, 31% da média gestão e 34% da alta liderança. Em contrapartida, o que aumentam as chances de realização é integrar vida pessoal e profissional: essa foi a alternativa mais citada entre 11 opções apresentadas no questionário da pesquisa.
Vivemos em um mundo em transição, no qual a lógica linear vem sendo substituída pela lógica de rede: descentralizada, plural e capaz de gerar maior autonomia. Autonomia é o desejo de ser autodirigido e nenhuma quantidade de dinheiro, benefícios ou regalias pode fornecer essa necessidade humana básica. Embora dinheiro seja importante, ele por si só não gera a realização que a autonomia proporciona. “O mundo do trabalho precisa de profissionais engajados, comprometidos, que tenham um desempenho diferenciado. Estas características não podem ser compradas, precisam ser cultivadas e só florescem em ambientes marcados pela cultura transparente e capazes de integrar às necessidades dos negócios com as necessidades das pessoas”, enfatiza Maíra Habimorad, CEO da Cia de Talentos, empresa do Grupo DMRH.
Administrar com sabedoria o desconforto que estes dados geram é importante para aprendermos a lidar com a perspectiva digital que é não linear, conectada todo o tempo, multidisciplinar e não previsível. Gerir a complexidade e a ambiguidade são fatores fundamentais daqui para a frente. “Sabemos que nossa pesquisa não trazem todas as respostas, mas acreditamos que ela possa abrir novas perguntas que apoiem a travessia do hoje para o amanhã”, finaliza Maíra.
Foto:Pixabay