Com pequenas adaptações, as empresas conseguem criar momentos que podem ser aproveitados de forma agradável para todos os públicos
Raquel Del Monde é graduada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP com residência em pediatria pela UNICAMP. Após ter um filho diagnosticado com TEA, transformou
O término do ano se aproxima e traz consigo uma atmosfera de expectativas positivas, envolvendo períodos de descanso, reuniões familiares e confraternizações. Contudo, é crucial ponderar que, para aqueles no espectro autista, interagir com muitas pessoas simultaneamente pode ser desafiador e exaustivo. Além disso, as festividades, frequentemente ruidosas e repletas de estímulos sensoriais, nem sempre são bem toleradas.
Quando se trata da inclusão de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ambiente de trabalho, as celebrações corporativas de final de ano representam uma excelente oportunidade para explorar maneiras de tornar essas ocasiões agradáveis para todos, levando em consideração as necessidades singulares de cada pessoa.
Algumas sugestões gerais são pertinentes. O primeiro ponto crucial é fornecer previsibilidade, comunicando antecipadamente detalhes como local, horário e programação do evento, incluindo atividades como jogos, sorteios e premiações. Essa abordagem permite que indivíduos autistas se preparem adequadamente, desfrutando do evento com mais tranquilidade.
A redução de estímulos sensoriais aversivos, como luzes intensas, música alta e aromatizadores de ambiente, é uma medida essencial. A empresa deve disponibilizar, sempre que possível, um espaço mais reservado e silencioso onde as pessoas possam se retirar em caso de sobrecarga. A flexibilidade em relação ao uso de roupas confortáveis, calçados e acessórios de regulação, como fones canceladores de ruído, também contribui para o bem-estar durante o evento.
As festividades podem servir como uma oportunidade para sensibilizar os demais sobre as diversas formas de expressar respeito e carinho. É preciso reconhecer que abraços e beijos podem causar desconforto, e algumas piadas e brincadeiras podem não ser apropriadas para todos.
Às vezes, é necessário compreender que a recusa em tirar fotos com o grupo ou participar de uma situação específica do evento não reflete falta de afinidade com os colegas ou falta de comprometimento com a equipe, mas sim a impossibilidade de lidar com tal demanda naquele momento.
Outras ideias interessantes incluem o uso de crachás contendo nomes e informações relevantes para facilitar o reconhecimento entre pessoas que não se veem com frequência, além de cartões com mensagens previamente escritas, proporcionando uma forma alternativa e inclusiva de comunicação.
O significado das celebrações de final de ano nas empresas vai além das adaptações para pessoas neurodivergentes, abrangendo a compreensão de que cada indivíduo enfrenta suas próprias batalhas. Isso se estende para aqueles que estão distantes de seus entes queridos ou enfrentando desafios pessoais. Um gesto gentil pode fazer toda a diferença.
Ao criar ambientes inclusivos e acolhedores, reconhecemos o valor de cada pessoa e contribuímos para a construção de celebrações verdadeiramente significativas e memoráveis para todos os participantes.