A importância da valorização de profissionais maduros e jovens talentos para o sucesso organizacional
À medida que a população envelhece, o etarismo, termo que denota a discriminação baseada na idade, surge como um desafio crescente no mercado de trabalho. O Censo Demográfico de 2022 já revela os primeiros indícios de um envelhecimento da população brasileira, com alguns municípios apresentando 25% de seus habitantes com 60 anos ou mais. Projeções do IBGE apontam que essa tendência se intensificará até 2060 em todo o país.
No entanto, a valorização da experiência pode ser a chave para uma força de trabalho mais competente e resiliente, pronta para enfrentar os desafios do mundo moderno. Wilma Dal Col, diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil, defende que as organizações necessitam dos talentos mais experientes, e a barreira do etarismo deve ser superada por necessidade.
“Estamos lidando com recessões, empresas redefinindo seus planos em meio a um cenário econômico global e local desafiador, e os profissionais maduros já passaram por situações semelhantes. Portanto, profissionais experientes podem e devem ser procurados para lidar com o panorama atual e contribuir com decisões acertadas, combinando a agilidade das gerações mais jovens com a força e sabedoria da experiência”, afirma a executiva.
Uma pesquisa da Living, Learning, and Earning Longer Collaborative Initiative revelou que mais de 80% dos líderes globais reconhecem a importância das forças de trabalho multigeracionais para o crescimento das empresas.
Apesar dos esforços de muitas corporações em promover a diversidade e a inclusão, a idade ainda é um fator frequentemente negligenciado. Uma pesquisa de 2021 realizada pela Infojobs mostrou que 70% das pessoas com mais de 40 anos já enfrentaram algum tipo de preconceito no ambiente de trabalho, enquanto 78,5% dos entrevistados percebem que não recebem as mesmas oportunidades que os jovens por parte das empresas.
Além disso, as mulheres enfrentam desafios adicionais. De acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a maioria dos contratados com mais de 50 anos é formada por homens (57%), enquanto as mulheres representam apenas 42%, uma discrepância maior do que em outras faixas etárias.
Neste momento, cabe ao departamento de Recursos Humanos atuar para superar os vieses inconscientes e transformar o modelo mental e cultural das organizações. Wilma enfatiza que a combinação adequada de competências é o que leva ao sucesso dos negócios, destacando que dar oportunidades iguais a pessoas mais velhas desde o processo seletivo pode gerar resultados tão bons ou melhores do que em equipes compostas apenas por iniciantes. O RH é capaz de identificar a colaboração adequada entre habilidades técnicas e interpessoais no grupo.
“O etarismo deriva da ideia equivocada de que pessoas mais maduras não conseguem inovar e têm menos disposição para trabalhar. É um erro subestimar profissionais com base em supostas características geracionais. Indivíduos de diferentes idades desempenham papéis importantes por meio de suas experiências, individualidades e singularidades”, complementa.
Um levantamento recente do ManpowerGroup identificou as cinco soft skills mais buscadas no Brasil, destacando a resiliência e a capacidade de adaptação como as características mais relevantes para as empresas. “Isso reforça a importância da pluralidade geracional, uma vez que os jovens são mais adaptáveis, enquanto as pessoas mais maduras são resilientes”, afirma Wilma.
Superando o Preconceito Etário
O aprendizado é o primeiro passo crucial nesse caminho. Rodas de conversa e comunicados internos podem reforçar a coexistência de gerações no mesmo espaço, destacando os benefícios e vantagens e estimulando o respeito mútuo.
Incentivar a capacitação, segurança e autoestima dos colaboradores experientes também é fundamental para combater o etarismo. Workshops e treinamentos contínuos os tornam aptos a lidar com todas as ferramentas, tecnologias e processos, fortalecendo a adaptação e a inovação, independentemente da idade.
Outra medida importante é a implementação de programas de diversidade e inclusão, como vagas afirmativas, que abrangem diferentes grupos, incluindo profissionais maduros. Isso permite que as empresas se empenhem por ambientes verdadeiramente diversos e inclusivos.
“Essas mudanças têm o poder de criar uma experiência mais justa e significativa para funcionários de todas as gerações, tornando-os mais engajados. Isso beneficia não apenas a empresa, que terá colaboradores mais produtivos, mas também a sociedade como um todo”, conclui Wilma.