Por Esteban Ziegler, diretor de recursos humanos da Boehringer Ingelheim
A sociedade atual é marcada por mudanças constantes e rápidas, não só econômicas como também sociais, muitas delas desencadeadas por crises. Essa situação exige que as organizações estejam mais atentas à saúde não apenas da empresa, mas especialmente a de seus colaboradores. Com a pandemia, o tema “Felicidade Corporativa” ganhou ainda mais força dentro e fora das companhias. Ao longo de 2020 e 2021 muito se falou sobre programas de bem-estar, saúde mental, felicidade no trabalho, entre outros. Mas, afinal, o que é a felicidade corporativa e como esses programas impactam no dia a dia das pessoas?
Muito além das competências e habilidades, o nível de satisfação e bem-estar dos colaboradores também é um elemento de sustentabilidade que contribui com o desempenho. Em um estudo1 liderado pelo pesquisador americano Shawn Achor, nove em cada 10 pessoas estariam dispostas a trocar parte dos seus ganhos salariais por um trabalho mais significativo. Mas o que estamos realmente procurando quando dizemos que queremos mais felicidade no trabalho?
É claro que o conceito de felicidade é muito subjetivo e varia conforme a experiência e as motivações de cada indivíduo. Mas as empresas podem contribuir positivamente para que cada colaborador atinja um grau de satisfação, que envolve o pertencimento, protagonismo e o reconhecimento, mas também empoderamento e a promoção do senso de igualdade. A implementação e a manutenção de programas de bem-estar e saúde mental são necessárias nesse processo, sempre com um olhar holístico sobre o colaborador. E é aí que a liderança, em qualquer organização, possui grande responsabilidade na propagação de ambientes mais positivos.
A saúde integral sempre recebeu atenção constante na Boehringer Ingelheim. Mas com a chegada da pandemia, os olhares da liderança estiveram ainda mais atentos, com lançamento de novos programas e iniciativas com foco no apoio psicológico, com consultas individuais com terapeutas pelo Zen Club e auxílio presencial de profissionais nas fábricas. Além disso, estimulamos o bem-estar físico e social. Com a “short friday”, incentivamos os funcionários a dedicarem a outras atividades na sexta-feira à tarde. Para estimular o autocuidado por meio de atividades físicas, contamos com o Gympass. Também oferecemos alimentação saudável nos restaurantes das fábricas de Paulínia e Itapecerica da Serra, ambas no interior de São Paulo, além de sessões de orientação alimentar para todos os colaboradores.
Outro fator essencial para a felicidade no trabalho é a inclusão. De acordo com uma pesquisa2 do Boston Consulting Group com cerca de 16 mil pessoas em 16 países, o nível de inclusão tem um impacto direto na felicidade e no bem-estar dos funcionários: 81% dos entrevistados que trabalham em empresas com cultura inclusiva informaram que são felizes em seus empregos – três vezes mais do que aqueles que não se sentem incluídos. Ou seja, o sentimento de inclusão é um elemento chave para o bem-estar.
É evidente que além de ações efetivas, a combinação com práticas de boa gestão que compreende condução de alto desempenho, liderança competente com mente aberta, clareza estratégica somada à orientação humanizada que engaje e empodere os colaboradores em relação ao presente e ao futuro, permite que a companhia trace diretrizes e bases fortes para trilhar o futuro com consistência e valor. Os líderes
Além disso, como líderes, precisamos desenvolver comportamentos voltados para habilidades de escuta e comunicação ativa. Precisamos estar atentos não apenas às palavras, mas também à comunicação não verbal para contribuir de maneira significativa com a criação de ambientes propícios à felicidade corporativa. Nossos grupos de afinidades de D&I focado nos pilares de raça, gênero, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência são um exemplo de que as pessoas têm espaço para serem agentes da mudança, sentindo que contribuem e que fazem a diferença no dia a dia e promovendo ações afirmativas. Outro exemplo desse compromisso é a criação do Guia de Comunicação Inclusiva que elaboramos para que os colaboradores tornem as suas falas e escritas mais respeitosas, criando laços e promovendo mudanças no ambiente com os mais diversos tipos públicos.
Dessa maneira, temos uma empresa mais inclusiva, com espaço para relações cordiais e com um ambiente agradável, motivador, feliz e que respeite a individualidade de cada um.
Tornando a abordagem do RH mais integrada e abrangente, ajudando a criar, construir, implementar e orientar a transformação, teremos times mais integrados com as causas da empresa. Com equipes mais produtivas, que geram novas ideias e resultados, o crescimento do negócio e a felicidade são inevitáveis.
Referências:
- Harvard Business Review. 9 Out of 10 People Are Willing to Earn Less Money to Do More-Meaningful Work. Shawn Achor, Andrew Reece, Gabriella Rosen Kellerman, Alexi Robichaux. Disponível em: https://hbr.org/2018/11/9-out-of-10-people-are-willing-to-earn-less-money-to-do-more-meaningful-work.
- Boston Consulting Group. Inclusive Cultures Have Healthier and Happier Workers. Disponível em: https://www.bcg.com/publications/2021/building-an-inclusive-culture-leads-to-happier-healthier-workers