Colunista Mundo RH – Erica Castelo é CEO da The Soul Factor, empresa de Executive Search sediada nos EUA e especializada em encontrar talentos para organizações multinacionais, digitais ou em transformação digital.
Posso até apostar que você sabe o quanto demonstrar empatia é positivo para as pessoas, mas a importância desse comportamento agora toma proporções nunca imaginadas dentro das organizações.
Uma grande razão para isso: a pandemia contínua deixou muitos trabalhadores esgotados. Ao mesmo tempo, muitos setores estão enfrentando uma escassez de mão de obra e encontrar talentos será mais difícil para os empregadores no futuro. O mais recente estudo do Wold Economic Forum evidencia que 94% dos líderes de negócios esperam que os funcionários adquiram novas habilidades no trabalho, devido à mudança constante nas qualificações esperadas. Ou seja, encontrar e treinar pessoas preparadas a exercerem as funções no mercado será cada vez mais desafiador – e perder pessoas qualificadas será quase um pesadelo.
O que pode, realmente, fazer com que os talentos fiquem? Empatia.
Para quem ainda pensa que essa característica é algo “bom de se ter”, mas não imprescindível, aqui estão fatos. Uma nova pesquisa da empresa Catalyst mostra “uma ligação clara entre o líder que usa a empatia e o resultado na inovação e engajamento dos funcionários”. Líderes empáticos não apenas têm equipes mais inovadoras e produtivas, mas também são mais propensos a manter bons funcionários. “35% das mulheres negras com líderes seniores menos empáticos disseram que estavam pensando em deixar sua organização, em comparação com os 18% das que declararam possuírem líderes altamente empáticos”.
Da mesma forma, uma pesquisa do Business Solver observou que 90% dos funcionários da Geração Z têm mais probabilidade de permanecer na empresa com um empregador empático, mas “apenas um em cada quatro funcionários acredita que a empatia em suas organizações é suficiente”.
Diante desse cenário, vem a questão: como posso, enquanto líder, demonstrar empatia nesse mundo em transformações constantes? Segundo a revista Forbes, aqui vão 4 pilares chave:
1. Seja inclusivo
Para começar, assegure-se de que todos se sintam incluídos, especialmente em situações remotas ou híbridas. Desenhar estratégias onde todos se sintam parte, e não exceção – online ou presencial – é crucial para manter uma cultura onde todos entendam que têm as mesmas chances de serem ouvidos e crescer na companhia. Outra atividade importante é comunicar com transparência e frequência as atualizações da empresa – sob a forma de reuniões semanais com o grupo todo, ou qualquer outro ritual que sinalize aos colaboradores que eles podem participar – de qualquer lugar do mundo.
2. Seja flexível.
Permita a maior flexibilidade possível em seu local de trabalho. Embora nem todas as atividades possibilitem o mesmo grau de maleabilidade, nem todo mundo deseja fazê-lo – muitas pessoas que experimentaram a flexibilidade de localização durante a pandemia esperam manter essa opção, de alguma maneira. Permitir que as pessoas trabalhem em casa, mesmo por parte do tempo, quando possível, é uma boa tática para demonstrar empatia; mostra sua compreensão de que os funcionários têm diferentes preferências de deslocamento e uma disposição para acomodar vários tipos de personalidade.
3. Seja um modelo de comportamento
A pandemia aumentou a grosseria no trabalho, como mostra um estudo recente da Portland State University. “Os maiores gatilhos para a grosseria são coisas que foram exacerbadas pela pandemia”, diz a autora do estudo, Lauren Park. Isso inclui esgotamento, exaustão emocional, alta carga de trabalho e insegurança no trabalho. Ceder ao desejo de atacar tem um efeito cascata. Como os autores do estudo descobriram, “A grosseria é contagiosa”.
Como você pode encorajar uma cultura de maior respeito? As formas podem parecer óbvias, mas são importantes: reservar um tempo para garantir que os seus e-mails não sejam mal interpretados; monitorar as reuniões para garantir que todos sejam ouvidos; incentivar a redução de muitos e-mails a ponto do time se sentir intimidado; não cancelar as sessões de zoom no último minuto e fazer sempre o possível para não “estourar”.
4. Reconheça o fator humano.
Reconhecer que os seus funcionários são seres humanos e tem vida fora do escritório parece óbvio, mas para muitas organizações isso ainda não é uma realidade – apesar de ser a grande chave para a empatia. Durante a pandemia e lockdown, líderes e colaboradores tiveram que confrontar esse fator humano: seja quando o delivery chegou no meio da reunião, esperando os latidos dos cachorros, ou ajudando naquela tarefa da escola durante o horário do trabalho.
Perceber que as equipes são compostas de pessoas reais, com necessidades humanas reais também ajuda a enxergar que perspectivas diferentes podem beneficiar os times. É importante que os líderes demonstrem curiosidade genuína sobre a vida dos funcionários, ajudando nessa conexão e na empatia, ouvindo suas experiências, identificando contribuições potenciais que venham dessas mudanças de ângulo.
Acomodar as necessidades das outras pessoas antes mesmo que elas peçam é outra maneira eficaz de reconhecer o fator humano – e gerar lealdade. Surpreender pelo acolhimento e pela sensibilidade, como esforçar-se para acomodar horários e fusos de alguém no time, por exemplo, demonstra que o outro importa como humano e não somente como “recurso”.
Enfatizar a empatia ajudará você líder, sem dúvida alguma, a conectar e reter seus funcionários. Comece a praticar esses quatro hábitos hoje.