A autonomia é uma das necessidades básicas da psicologia humana. Todo líder que é ciente disso e dá oportunidade a seus colaboradores de demonstrarem seus talentos, recebe como retorno uma equipe engajada e da alta performance.
Segundo Kátia Gaspar, especialista em neurociência para lideranças, o conhecimento sobre o funcionamento do cérebro ajuda compreender a complexidade biológica do comportamento humano.
“As necessidades psicológicas sociais são a bússola do comportamento. Impactar e mobilizar pessoas em busca de resultados positivos para a organização é o papel da liderança, mas isso não precisa estar ligado a posição de poder”, afirma Kátia Gaspar.
Em geral, muitos líderes ainda modulam comportamento baseado no behaviorismo que pune o erro e recompensa o acerto. Quando um líder modula o comportamento de seus colaboradores por recompensas externas pode correr o risco de frustrar, por exemplo, a necessidade de autonomia a longo prazo. “Sentimos quando nosso comportamento é controlado pelo ambiente e não por uma motivação interna”, explica a especialista.
Assim, os fenomenologistas pontuam o comportamento humano como resposta ao estímulo interno, que deve ser compreendido como algo significativo.
Sentimentos de capacidade e confiança frente a satisfação da necessidade psicológica de autonomia desperta um comportamento proativo e engajado.
Ao estudar as reações do cérebro vivo, a neurociência constata que as emoções nos levam rapidamente a uma ação, muitas vezes sem uma reflexão.
Assim, muitas vezes, reagimos baseados em nossas emoções e memórias sem processarmos de maneira consciente as informações. Podemos reagir de maneira alienada e passiva ou proativa e engajada.
“Levando isso para a perspectiva da liderança, se um colaborador se sentir ameaçado física ou socialmente com uma decisão do seu gestor, é provável que ele tenha um comprometimento abaixo da sua capacidade. Sob o impacto de suas emoções, ele pode adotar comportamentos de esquiva ou paralisação”, diz Kátia Gaspar.
Nestes momentos, a saída pode ser compreender os impactos psicológicos vivenciados na situação, e estabelecer novamente uma relação de confiança e parceria onde ambas as necessidades psicológicas são atendidas.
O líder exerce sua influência positiva quando é capaz de ouvir com atenção seus colaboradores e apoiar o fortalecimento das habilidades necessárias para obter os resultados.
A neurociência pode ajudar no desenvolvimento de boas lideranças quando consideramos que o cérebro e o comportamento de cada colaborador são diferentes e, por consequência, demandam ações e incentivos personalizados.
“Isso, mais uma vez, valida a necessidade de aceitar a individualidade e deixar que cada profissional seja responsável por suas escolhas e use suas habilidades e seu poder de decisão na rotina do trabalho, em acordo com seus líderes e objetivos da organização”, conclui Kátia Gaspar, que é especialista em neurociência para a liderança.