Por Erica Castelo, Headhunter Internacional e CEO da The Soul Factor
Sem dúvida, uma das perguntas mais frequentes feitas para mim é: “o que as empresas mais esperam dos candidatos na hora de contratar”? A resposta é imediata: o que já era prioridade antes da pandemia, agora virou um must-have: o perfil empreendedor, ou a famosa cabeça de dono. E por que essa habilidade se tornou tão valorizada por empresas, independente do seu porte ou segmento?
A explicação vem de uma combinação de fatores, basicamente o tsunami que vem sendo formado bem antes da pandemia, começando pela Era Digital. Ela vem revolucionando mercados e aumentando exponencialmente a velocidade das coisas, e tirou o espaço de quem queria um cargo estável, previsível, onde o descritivo do seu trabalho era claro, bem delimitado, quase imutável. O estilo “só faço a minha parte e pronto”, vem sendo substituído pela demanda por pessoas que se sintam parte, que queiram crescer junto com a empresa, independente da área, da hierarquia, do chefe, do ego corporativo. Alguma semelhança com o estilo do empreendedor não é mera coincidência.
A Covid-19 veio para turbinar esse tsunami e potencializar os seus efeitos, criando um ambiente de constantes incertezas e mudando a maneira como trabalhamos muito provavelmente para sempre. Ao mesmo tempo que assusta, esse mar de mudanças constantes também cria oportunidades para inovação, para o pensamento fora da caixa, e todas assas habilidades passam a ser vitais para a sobrevivência de qualquer organização, seja ela o pequeno salão de beleza do bairro, a “tech unicórnio” ou a gigante mundial produtora de refrigerantes.
Segundo o Global Workplace Analytics, quando terminar a pandemia, de 25 a 30% das pessoas vão continuar trabalhando de casa, por fatores como: economia de custos, disponibilidade de atração de talentos globais, sustentabilidade, produtividade. Tudo isso colabora para que um conjunto muito particular de habilidades prevaleçam nesse futuro incerto onde os colaboradores precisam ser protagonistas versus simples seguidores, estando à frente na solução dos problemas e na tomada de decisões.
Aqui estão, portanto, as qualidades principais que definem um perfil empreendedor, e que valem especial atenção. Elas servem para qualquer candidato que queira manter-se competitivo no mercado e a qualquer empresa à procura de talentos que ajude na acirrada competitividade dessa nova era:
- Adaptação
Fator diário na vida de um empreendedor, saber adaptar-se é vital para quem precisa lidar com situações não previstas. Nesse novo mundo que engloba trabalho remoto, os processos mais ajustados do escritório muitas vezes não servem para novas realidades, e pedem pessoas que saibam trabalhar de maneira diferente, independente de processos e normas pré-estabelecidas. Um exemplo é a adoção de novas ferramentas de colaboração, onde os times precisam rapidamente aprender a trabalhar com essa nova dinâmica, descontruindo antigos padrões.
- Tomadas rápidas de decisão
Acreditar em si mesmo e tomar decisões baseadas nessa crença é algo muito importante para quem empreende. Sempre haverá múltiplas visões para qualquer questão, mas a habilidade de olhar para qualquer situação com a sua própria visão e derivar daí uma solução com confiança é muito importante para seguir em frente.
Em um ambiente de trabalho que inclui o remoto, orientações constantes são menos frequentes, o que, portanto, requer maior independência e tomada de decisão por parte dos colaboradores. As empresas que oferecem essa oportunidade e autonomia são as que seguramente contam com mais soluções rápidas e fora da caixa.
- Resiliência
É impossível pensar numa trajetória empreendedora sem fracassos em algum ponto dessa jornada. O que diferencia os que têm resiliência é a capacidade de dar a volta por cima e seguir em frente na vida. Essa habilidade é essencial nas posições de liderança, e só por meio dela é que se consegue reinventar negócios e superar crises.
- Colaboração
Quem empreende (e quer crescer seu negócio) sabe que precisa não somente trabalhar de maneira colaborativa, mas promover a colaboração eficiente entre as pessoas, para obter resultados. Mais do que buscar ferramentas modernas para facilitar essa colaboração, o líder colaborativo emfatiza com os colaboradores, entende de suas fortalezas e tira o melhor de cada um.
- Experiências diversas
Ter sucesso em ambientes incertos não é algo simples. Quem melhor transita por esses momentos são normalmente as pessoas equipadas com vivências diversas, com sucessos em algumas e fracasso sem outras. O currículo acadêmico de alguém pode ser invejável, ou sua proficiência em algum skill técnico ser nota 10; nada disso faz diferença versus possuir um conjunto de vivências diversas para sobreviver a qualquer situação imprevista que apareça no caminho.
E você, consegue reconhecer em seu time quem tem essas características?