Até o final do ano passado, 60% dos trabalhadores no país consideraram mudar de emprego.
Claudia Elisa Soares – especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares.
Em um mercado de trabalho cada vez mais volátil e em constante evolução, a mudança de carreira torna-se uma opção viável para muitos. É natural que as opiniões, gostos e vontades mudem ao longo do tempo, especialmente quando se busca realização pessoal e profissional. Mas como saber quando é a hora certa de mudar de rota?
Mudar de carreira não é uma decisão fácil, mas uma jornada necessária para muitos que buscam essa realização. Por isso, reconhecer os sinais é fundamental para avaliar suas opções e ter a coragem de seguir em uma nova direção. Flexibilidade e disposição para a mudança são essenciais para o sucesso profissional e para a felicidade e bem-estar pessoal.
Arianna Huffington, após co-fundar e construir o The Huffington Post, renunciou ao cargo de editora-chefe para se concentrar em seu projeto de bem-estar e saúde, criando a Thrive Global. Howard Schultz, antes de transformar a Starbucks na gigante do café que conhecemos hoje, trabalhava em uma empresa de utensílios domésticos. Às vezes a gente só precisa de tempo, maturação e coragem para seguir um novo caminho. Nada é por acaso.
Casos como esses demonstram a importância de estar atento às próprias necessidades e valores ao considerar uma mudança de carreira, sendo este o primeiro passo para uma transformação saudável.
Pensando nisso, listei três motivos para identificar o momento ideal de mudar de profissão:
1- Estagnação: sentir-se estagnado é um dos primeiros e mais claros sinais de que é hora de repensar a carreira. A rotina se torna um fardo, e a sensação de não estar aprendendo ou crescendo pode ser sufocante. Este sentimento é comumente associado à ausência de desafios e oportunidades de desenvolvimento.
Uma pesquisa realizada pela Gallup, através do relatório State of the Global Workplace 2023, mostrou que apenas 23% dos funcionários se sentem engajados no trabalho, o que destaca a prevalência da insatisfação profissional. Pessoas que não veem progresso em suas carreiras tendem a sentir-se desmotivadas e menos produtivas, o que pode afetar significativamente seu bem-estar emocional e mental.
2- Falta de propósito: trabalhar sem um sentido claro de objetivo ou alinhamento com os valores pessoais pode levar a uma desconexão profunda e desmotivação. Quando o trabalho não está alinhado com o que valorizamos, a insatisfação é inevitável.
Encontrar um propósito no trabalho não significa apenas fazer algo que se gosta, mas também sentir que o que se faz tem um impacto positivo. Por exemplo, empresas que alinham seus negócios com a sustentabilidade e causas sociais, mostram como o trabalho pode ser uma fonte de satisfação e realização pessoal quando está alinhado com uma finalidade maior.
3- Exaustão constante: por fim, a exaustão constante é talvez o sinal mais urgente e grave de que uma mudança de carreira é necessária. O estresse crônico e a fadiga não apenas diminuem a produtividade, mas também prejudicam a saúde física e mental.
Vale ressaltar que o burnout, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, é uma realidade para muitos profissionais. Estudos mostram que indivíduos que sofrem de burnout têm maior risco de desenvolver problemas de saúde, como depressão e doenças cardiovasculares. Mudar de carreira, nesse caso, não é apenas uma questão de satisfação profissional, mas de saúde e sobrevivência.
Uma pesquisa do LinkedIn revelou um intenso movimento no mercado de trabalho brasileiro. Até o final do ano passado, 60% dos trabalhadores no país consideraram mudar de emprego, e 20% já estão ativamente buscando novas oportunidades. Esse levantamento, que incluiu 23 mil trabalhadores globalmente e 1300 brasileiros, destaca um crescente movimento de transição de carreira impulsionado pela busca por realização pessoal e bem-estar no trabalho.
A insegurança financeira é o principal motivo para essa movimentação no mercado de trabalho brasileiro, com 40% dos entrevistados citando a demanda por salários mais altos como o maior fator de mudança. Além disso, 39% dos entrevistados apontam a busca por um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal como um importante motivador para a troca de emprego.
Refletir sobre a necessidade da reinvenção contínua, reconhecendo a importância de sair da estagnação, é o primeiro passo para um novo caminho profissional. É preciso traçar um plano e, principalmente, ter coragem de executá-lo.