Por Júlio Brito, General Manager da Swile Brasil
Os últimos anos reforçaram o questionamento sobre a separação entre vida pessoal e profissional. Além dos espaços físicos terem ficado ainda mais integrados em razão do anywhere office, ficou evidente que sentimentos, emoções e relações fazem parte do indivíduo e isso não muda se ele está trabalhando ou fazendo outras atividades. Ao assumir que essas duas vidas coexistem e andam juntas, compreende-se o que chamamos de “worklife experience”.
Esse conceito revela que a relação entre empresa e colaborador não se resume à “vida no trabalho”, portanto as companhias precisam ter um olhar 360º para os indivíduos que fazem seu negócio prosperar. A partir daí, é possível proporcionar a coexistência dessas duas vidas de forma inteligente e fluida, o que traz impactos positivos não só para colaboradores, mas também para empresas.
Para colocar esse conceito em prática, porém, é fundamental destacar que estamos falando de olhar para os indivíduos e, como cada um é único, proporcionar flexibilidade é fundamental. Um estudo recente realizado na França revelou que uma parcela relevante das empresas (78%) já está atenta a isso e permite que seus funcionários se beneficiem de uma ou mais formas de trabalho flexível.
No entanto, um formato de trabalho flexível não tem fim em si mesmo. Ele deve ser consequência de uma cultura corporativa autêntica, com visão, valores e rituais alinhados, a começar pela liderança. Se na empresa houver gerentes que considerem que a presença dos colaboradores no local de trabalho é sinal de compromisso, por exemplo, ficará evidente o desalinho interno.
Por outro lado, também não faz sentido adotar um regime de trabalho que permita ao colaborador atuar remotamente, mas impor agendas rígidas para assegurar as entregas e desrespeitar os períodos de descanso. Estabelecer um clima de confiança e respeito é fundamental para o bem-estar dos colaboradores.
E é neste aspecto que o pacote de benefícios faz toda a diferença. Uma companhia que preza pela satisfação das pessoas fornece mais do que a refeição que elas farão no período dedicado ao trabalho e o transporte para o escritório, se esse deslocamento for necessário. Momentos de lazer, por exemplo, também são fundamentais para os indivíduos, e porque não proporcionar, por exemplo, um benefício de cultura?
A empresa que, de fato, olha para o indivíduo tem consciência que as necessidades de cada um são diferentes e podem mudar ao longo da jornada, por isso é importante que esses benefícios também sejam flexíveis. Ao ter a oportunidade de escolha, seja sobre a melhor forma de usar seu benefício, ir ou não trabalhar do escritório ou migrar para outra área dentro da empresa, o colaborador entende que ele foi colocado no centro.
A consequência natural disso é que os colaboradores se sentem mais engajados e realizados no trabalho. Consequentemente, eles também serão mais produtivos, eficientes e menos doentes, o que terá impacto positivo direto nos próprios gestores e, claro, contribui para a eficiência do negócio.
Neste início de ano, em que as ações planejadas para 2022 começam a ser tiradas do papel, recomendo um olhar atento para as pessoas. Não apenas para as contratações, mas justamente para quem já está aí e faz parte do time – e além do crachá!