Cada vez mais abordar o tema diversidade e inclusão se faz necessário, principalmente em ambientes corporativos. A sensação de que muito se fala e pouco se faz não é à toa. No último ‘Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups’, realizado pela Associação Brasileira de Startups no final de 2021, dados que chamaram muita atenção se referem à diversidade.
Mais de 96% dos donos de startups afirmam apoiar a diversidade. No entanto, a pesquisa aponta que 60% não possuem ações ou processos seletivos voltado para diversidade, 31% das startups não têm negros, 62,3% não têm colaboradores acima de 50 anos, 90% não tem pessoas com deficiência e 92% não têm transexuais.
Ou seja, a necessidade agora é equilibrar o discurso realizado da porta para fora com as práticas implementadas ‘dentro de casa’. “É essencial que o colaborador se sinta acolhido e se identifique como parte componente de um ecossistema. E isso só é possível através da comunicação humanizada e inclusiva”, explica Rodrigo Vianna, CEO da Mappit, empresa de recrutamento do Talenses Group especializada também em vagas de diversidade.
Essa adaptação comportamental está diretamente ligada ao papel das lideranças. É preciso cada vez mais assumir uma postura mais humanizada e acreditar, de fato, nos benefícios que as práticas inclusivas têm a oferecer. “Ganhos com diversidade só ocorrem se trouxermos pessoas com modelos mentais diferentes e que se sintam à vontade no ambiente corporativo. Ou seja, que se sintam incluídas”, diz a consultora Cris Kerr, da CKZ Diversidade.
Renata Camargo, CEO e Fundadora da BlackID, consultoria especializada em comunicação diversa e inclusiva, ressalta que a comunicação é responsável por 50% da inclusão. “A forma como você fala, o que você fala e, principalmente, o que você não deve falar impacta substancialmente nos seus objetivos de diversidade e inclusão, seja para o público interno, seja para sua clientela”, afirma.
Pesquisa realizada pelo The Economist, intitulada Communication barriers in the modern workplace (Barreiras de comunicação no ambiente de trabalho moderno) corrobora com essa perspectiva. O levantamento realizado com executivos e executivas americanos (as) demonstrou que para 44% das pessoas a falta de comunicação eficaz trouxe atrasos e falhas nos projetos; outros 18% afirmam que as falhas nos processos de comunicação trouxeram consequências graves nas vendas (redução). Outros fatores impactantes apontados no estudo são: o estresse, que atingiu 52% dos colaboradores (as), e o desânimo, que atingiu outros 31%.
Ou seja, sem uma comunicação eficiente, construída em cima de diálogos claros e respeitosos, pouco se consegue avançar efetivamente. A forma como o diálogo é proferido pode ser carregada de preconceitos. Por isso é tão importante que o start para a mudança seja dado com urgência nos ambientes em que ainda não há práticas inclusivas. Mudando a linguagem, é possível mudar a realidade.