É importante que as PCDs olhem para a área de tecnologia e percebam essas novas possibilidades que têm surgido
Tornar a Softplan, uma das maiores empresas de software de Santa Catarina, mais inclusiva não tem sido um caminho fácil. O maior desafio, com certeza, é encontrar pessoas capacitadas na nossa área de atuação. Sempre tivemos Pessoas com Deficiência (PCDs) em diversos setores da empresa mas, para nós, era muito importante que esses profissionais ocupassem cargos de tecnologia da informação, que é o foco da empresa.
Por isso, em outubro de 2014, criamos um programa voltado para a inclusão e a capacitação de PCDs. Desde então, conseguimos avançar alguns passos rumo à inclusão. Mais de 40 profissionais já fizeram parte do programa, a maioria da área de tecnologia da informação e estamos prevendo mais contratações. Vimos muitos desses profissionais crescerem e fazerem carreira, na empresa e fora dela.
Percebemos que as nossas dificuldades para encontrar profissionais deficientes qualificados são um reflexo dos obstáculos que essas pessoas enfrentam desde muito cedo, em todas as etapas da educação. Mas, aos poucos, alguns desses obstáculos vão sendo superados, à medida que novas oportunidades vão sendo oferecidas não só no âmbito da educação, mas também no mercado de trabalho.
É importante que as PCDs olhem para a área de tecnologia e percebam essas novas possibilidades que têm surgido. Se pensarmos que a tecnologia tem servido como um instrumento de inclusão de tantas maneiras, faz ainda mais sentido que seja um setor do mercado de trabalho que conte com mais PCDs.
No caso da Softplan, procuramos atuar em várias frentes. Procuramos tornar o site e os canais de comunicação da empresa mais acessíveis aos diversos públicos e candidatos e, no momento, temos parcerias com diversas instituições especializadas, para a capacitação direcionada das PCDs. Além disso, temos uma rede de acompanhamento, para a integração desses profissionais e para a própria conscientização de todos da equipe, afinal, um time é a soma de realidades e trajetórias diferentes.
Há dois anos, fizemos uma pesquisa, junto aos nossos colaboradores, para a avaliação do nosso programa. As PCDs destacaram como ocupar uma vaga em uma empresa de tecnologia significa a chance de ganhar aprendizado e visibilidade.
São esses retornos que nos motivam, para continuar aprimorando o programa. Nossa expectativa é ir muito além do que determina a Lei Federal nº 8213/91, que prevê que empresas com mais de mil funcionários preencham ao menos 5% dos cargos com profissionais deficientes ou beneficiários reabilitados no seu quadro de efetivos. Poderíamos apenas contratar as PCDs, só para cumprir as exigências legais. Mas queremos que elas façam parte da empresa e do núcleo do nosso negócio, que é o setor tecnológico. Inclusão de verdade, acreditamos, precisa passar pela tecnologia.
Por Paula de Sousa Rocha, Analista de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Softplan, uma das maiores empresas de software de Santa Catarina, com cerca de 1.500 colaboradores.