Confira algumas previsões para o setor de RH, focadas nas áreas de carreira, gestão de pessoas e aprendizagem
Apesar de termos observado alguns sinais de volta à normalidade após a pandemia, os desafios trazidos pela Covid-19 continuaram a afetar a forma como trabalhamos e aprendemos em 2022. Este ano vimos fenômenos como a “Grande Renúncia” e o “Quiet Quitting” mudarem os paradigmas do trabalho.
A última metade do ano também trouxe demissões em alta em diversos setores da economia, causando ansiedade na força de trabalho e aumentando a falta de confiança do trabalhador nas empresas.
Compartilho abaixo algumas previsões para o setor de RH, focadas nas áreas de carreira, gestão de pessoas e aprendizagem, feitas por Débora Mioranzza, Vice-Presidente para a América Latina e Caribe da Degreed, a principal plataforma de aprimoramento e requalificação da força de trabalho:
- O metaverso vai transformar a aprendizagem corporativa: “Os avanços tecnológicos e a pandemia mudaram a maneira como trabalhamos. A tecnologia é hoje a espinha dorsal do trabalho remoto e a chegada do metaverso tem o potencial de transformar ainda mais o treinamento à distância, além de contribuir para melhorar o engajamento da força de trabalho e as experiências dos colaboradores. O metaverso deve ter um impacto grande na aprendizagem por vivência porque por meio dele será possível para o aprendiz colocar em prática o que aprendeu por meio de simulações. Temos inclusive observado algumas empresas no Brasil que já estão usando o metaverso para atividades em campos de treinamento virtuais.”
- Dados influenciarão a personalização de experiências de aprendizagem: “Como a aprendizagem está acontecendo cada vez mais online, empresas têm a seu dispor uma vasta quantidade de informações sobre o consumo de conteúdo por seus funcionários, podendo usar esses dados para implementar mudanças no processo de aprendizagem e personalizar a experiência do usuário. Da mesma forma que empresas de streaming como Netflix e Spotify conseguem sugerir conteúdos para diferenciar nossas jornadas em suas plataformas, o mesmo acontecerá nos ecossistemas de aprendizagem.”
- Realidade aumentada e realidade virtual ganharão espaço em treinamentos: “Tecnologias como realidade aumentada e realidade virtual tiram a monotonia de treinamentos, proporcionando a oportunidade de adquirir novos conhecimentos de uma maneira mais dinâmica e interessante, especialmente para a Geração Z. Dentro dos ambientes virtuais, os colaboradores podem ter diferentes tipos de experiências de treinamento sem o medo de cometer erros com consequências no mundo real. Como os riscos são minimizados ou eliminados, eles podem praticar suas habilidades virtualmente e aumentar sua confiança na realização de tarefas, para que possam transferir suas experiências para o mundo real.”
- A gamificação de processos como aliada para motivar a aprendizagem: “Embora não seja uma nova tendência de tecnologia, a gamificação de processos de aprendizagem deve continuar ganhando espaço em 2023 por ser uma ótima maneira de engajar colaboradores em treinamentos. Ao transformar um treinamento em um jogo, tarefas tediosas se tornam agradáveis, e as complexas se tornam simples. Dados indicam que mais de 80% dos funcionários que fazem treinamentos gamificados ficam mais motivados no trabalho. No entanto, é importante também pensar nas recompensas que esses processos trazem para o colaborador pois assim é possível materializar o valor da aprendizagem.”
- Aprender com propósito ganhará força: “As empresas hoje precisam mostrar qual o propósito de aprender dando ao colaborador a trajetória de carreira mais transparente e mostrando quais são os caminhos para o seu desenvolvimento. Esse é um movimento que já veio se fortalecendo ao longo desse ano e deve ganhar ainda mais força em 2023.”
- Programas de mentoria serão usados para amenizar choque geracional: “Quando temos mais de uma geração de profissionais trabalhando juntos isso significa que temos diferentes abordagens para a maneira com a qual cada uma delas interage com o trabalho. Nesse cenário, é importante ter uma abordagem de aprendizagem personalizada — isso inclui desde o tipo de conteúdo que é disponibilizado até a maneira com a qual esse conteúdo é consumido. Algo que observamos é como os programas de mentoria têm sido uma ferramenta útil nesse contexto. Quando falamos de educação profissionalizante, é imprescindível que o acesso a essas opções seja democrático e ofereça flexibilidade para os que querem aprender. Ter agilidade no processo de aprendizagem é fundamental porque quando um indivíduo tem flexibilidade para aprender da maneira que funciona pra ele, independente de sua geração e estabelecendo suas próprias metas, ele se torna protagonista de sua própria carreira.”
- A aprendizagem como instrumento para reforçar a cultura das empresas: “Depois de um ano marcado por demissões em massa, principalmente em empresas de tecnologia, os colaboradores estão desiludidos. Para aqueles que ainda não perderam a fé na cultura organizacional, oportunidades de aprender e crescer são grandes aliadas na construção de uma cultura positiva. Segundo o relatório “Como a Força de Trabalho Aprende”, uma cultura de aprendizagem positiva também está diretamente ligada a maior agilidade organizacional, crescimento mais rápido da receita e maior engajamento de funcionários.”
- Maior procura por candidatos com perfil de lifelong learners: “A competição por profissionais qualificados deve ir além em 2023, com empresas buscando cada vez mais candidatos que sejam curiosos por natureza e tenham o perfil de lifelong learners. Aqueles que ainda não sabem fazer a autogestão de suas jornadas de aprendizagem podem ficar para trás diante de mudanças bruscas no mercado de trabalho.”
- Manter investimentos em T&D será desafiador: “Infelizmente, a área de Treinamento & Desenvolvimento (T&D) é quase sempre a primeira a ser afetada por cortes de orçamento. Com uma possível recessão em vista, é preciso reafirmar a importância de iniciativas de aprendizagem e seus benefícios econômicos para as empresas. É importante lembrar que, no fim, a inovação surge de pessoas e, por isso, é de extrema importância investir na capacitação de indivíduos.”
- Habilidades em alta para 2023: “O foco da maioria das organizações no próximo ano deve ser aumentar índices de diversidade e inclusão. Assim, acredito que as habilidades humanas continuarão em alta, como curiosidade, comunicação não verbal, flexibilidade, construção de relacionamentos, entre outras.”