Entre as várias novas funções que estão emergindo, uma em particular está ganhando destaque e se tornando essencial: o engenheiro de prompts
Annick Diallo, Data & IoT Analyst na Logicalis Brasil
A Inteligência Artificial (IA) Generativa chegou para ficar, e a tendência é que seja fortemente adotada pelas empresas dos mais diversos setores nos próximos anos. Um recente estudo do Gartner aponta que pelo menos 45% dos executivos de empresas globais já estão em fase de testes da tecnologia e que outros 10% já implementaram em seus processos de produção.
A mesma pesquisa aponta ainda que 45% das empresas estão ampliando seus investimentos em IA em diversas funções, tais como desenvolvimento de software, marketing e atendimento ao cliente. A crescente demanda por esta tecnologia vai exigir não apenas mais recursos computacionais, mas também — e principalmente — novos profissionais.
E dentre as muitas novas funções que estão surgindo, uma delas já tem ganhado forma e se tornou fundamental: o prompt engineer, profissional que faz a ponte entre os LLMs (Large Language Model) utilizado pelas aplicações de IA Generativa e os humanos que vão utilizar a aplicação. É uma profissão que surgiu nos últimos dois anos com a expansão do uso desses recursos tecnológicos.
Perfil do prompt engineer
Como os LLMs tendem a ser generalistas, eles exigem técnicas para que tenham uma melhor performance em funções específicas para um determinado caso de uso, como chatbots, geradores de conteúdo ou resumos de textos jurídicos, por exemplo. Embora não seja preciso programar as aplicações de IA, é preciso guiá-las para obter o outcome desejado.
Ou seja, cabe ao prompt engineer escrever esse texto, guiando o modelo para torná-lo mais eficiente. Estamos falando de funções que a IA já executa, só que o trabalho deste profissional vai permitir que ela faça melhor e de forma personalizada, para cada caso de uso.
O prompt engineer trabalha diariamente com o time técnico, mas as habilidades necessárias para esse papel são mais abrangentes. Ele precisa, sim, ter conhecimentos de programação, mas o principal é contar com uma visão holística, entendendo como funcionam os modelos; como se forma o ecossistema de IA Generativa; e conhecer muito de sintaxe linguística para preparar prompts assertivos e não muito longos. Outra característica importante no perfil deste profissional é que ele saiba traduzir desafios técnicos para uma linguagem textual, atendendo à sintaxe.
Outro ponto interessante é que, apesar de parecer uma função a ser exercida durante o projeto de criação de um modelo, o trabalho do prompt engineer é contínuo. Ele é o responsável pelo que chamamos de curadoria de IA, atuando na criação do modelo e, depois, no acompanhamento do desenvolvimento das aplicações.
Desafios do mercado
Por enquanto, temos visto muitos cientistas de dados e desenvolvedores migrando para este papel, mas estamos falando de uma função abrangente e que, por isso, pode ser exercida por pessoas de diversos backgrounds de tecnologia. Entretanto, ainda há uma trilha de aprendizagem a ser feita. Um estudo da Mckinsey sobre a dificuldade de se encontrar profissionais que atendam às demandas de IA corporativa apontou o prompt engineer como um dos mais difíceis de se encontrar em 2023.
Tanto é assim que temos visto no mercado várias empresas dispostas a treinar seus colaboradores para exercer a função. É uma necessidade. O mercado já percebeu que o avanço no uso da IA Generativa vai exigir, cada vez mais, a presença deste profissional. Por isso, muitas estão dispostas a fazer com que outros profissionais se tornem prompt engineers.
Se você ficou interessado pelo desafio, uma dica: mais do que uma profissão, estamos falando da habilidade de saber escrever e perguntar bem. Por mais que outras capacidades sejam necessárias, estas duas serão críticas para as pessoas que forem interagir com a IA, e todos terão que aprender a lidar com isso, de uma forma ou de outra.