Despesas de saúde pressionam as empresas e a prevenção é a nova prioridade
Profissionais de recursos humanos enfrentam mais um desafio, além de desenvolver competências e amenizar conflitos. Precisam encontrar estratégias para reduzir os crescentes reajustes com planos de saúde empresariais. Cada vez mais elevados, os custos da saúde se tornaram a segunda maior despesa no Brasil, depois da folha de pagamento.
Atentas ao problema, a ABBT (Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador), e a ABPASS (Associação Brasileira Para a Promoção da Alimentação Saudável e Sustentável), decidiram atuar em conjunto com ações de prevenção da saúde e educação alimentar nas empresas. As entidades lançam o “Guia Prático para o Mundo Corporativo” para profissionais de recursos humanos, contendo estratégias e orientações para a contratação da alimentação adequada e saudável.
Alimentação saudável previne e reduz custos com saúde do trabalhador
Elaborado por equipes de nutricionistas e especialistas, o Guia será distribuído gratuitamente aos profissionais do setor. Traz desde sugestões sobre como montar, implantar e contratar um restaurante para os funcionários, até indicações para a escolha do melhor cartão refeição e alimentação que atenda às necessidades da empresa, de acordo com o perfil de cada colaborador. O guia mostra como normas e monitoramentos simples podem resultar em melhorias na alimentação dos trabalhadores e impactar positivamente a qualidade de vida e da saúde.
Uma série de outras ações será implantada para orientar os profissionais de recursos humanos sobre benefícios da alimentação adequada e sobre os impactos positivos na redução dos custos com doenças. Workshops, seminários e debates estão sendo programados para esses profissionais. O conjunto de iniciativas foi batizada de “Programa Alimentação 4.0.” O guia pode ser acessado em: http://abpass.org/solicitar-download
Alimentação do Trabalhador – A presidente da ABBT, Jessica Srour, destaca que graças ao PAT – Programa de Alimentação ao Trabalhador, do Ministério do Trabalho, o índice desnutrição caiu de 14,8% do início da década de 1990 para menos de 5% no Brasil, segundo a FAO, órgão da ONU. A disponibilidade média de proteína cresceu de 67 para 92 gramas por pessoa, com aumento de 37%.
“Entretanto, mudanças de hábitos, do tipo de trabalho que antes exigia mais força física, sedentarismo, além do elevado consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados no mundo todo, exigem medidas mais eficientes e assertivas por parte de todos os participantes dessa cadeia”, destaca.
Riscos da obesidade – Alimentação inadequada, tabagismo, estresse, inatividade física, bebidas açucaradas, consumo de álcool e a obesidade também afetam a saúde do trabalhador. “Querermos atuar em parceria com a área de recursos humanos oferecendo orientação sobre todos os aspectos relacionados à alimentação adequada e saudável dos funcionários. Podemos ajudar a encontrar soluções de acordo com os perfis e as necessidades dos colaboradores de cada empresa”, afirma Almir Ribeiro Neto, presidente da ABPASS.
“Somente em 2015, quase 120 mil pessoas morreram devido às doenças causadas pela obesidade. Por isso acreditamos muito mais em ações de prevenção do que simplesmente em tratamento das consequências da má alimentação”, ressalta Ribeiro Neto.
Segundo o Ministério da Saúde a obesidade aumentou 60% nos últimos dez anos no Brasil. Um em cada cinco brasileiros moradores das capitais do país é obeso e mais da metade deles está com excesso de peso, conforme dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, do Ministério da Saúde.
Plano de saúde aumentou 200% – Setores empresariais avaliam que houve reajustes superiores a 200% nos planos de saúde dos funcionários nos últimos oito anos. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre 2008 e 2016, o custo médico hospitalar aumentou 238% para setores da indústria.
No mesmo período de oito anos, o IPCA do IBGE sofreu elevação de 75%. Outro indicador, a Variação do Custo Médico Hospitalar, calculado pelo Instituto de Saúde Suplementar, informa sobre um aumento de 19,20% no custo médico hospitalar somente no ano passado. Em 2017, o IPCA (IBGE) foi de apenas 2,95%.
Estima-se planos coletivos (empresariais ou por adesão) representem 80% do total de 47,3 milhões de beneficiários de planos privados do país. A nova realidade obriga a área de recursos humanos a analisar fatores que possam levar os profissionais a adoecer para evitar maiores pressões de custos.