A redução da desigualdade de gênero em nossa sociedade depende também das empresas
Por Carol Dias, Diretora de RH na Kraft Heinz e Colunista no Mundo RH
Não é novidade que a presença de mulheres em cargos de liderança no Brasil ainda é pequena: apenas 27%, segundo o estudo Global Gender Gap 2022, publicado pelo FMI (Fórum Econômico Mundial). A melhoria deste quadro depende de muitos fatores, mas especialmente do compromisso dos RHs das empresas – sejam elas grandes, médias ou pequenas.
É notável que o fomento de ambientes profissionais igualitários vem gerando ganhos que extrapolam os muros das empresas, e neste cenário é papel do RH assumir compromissos formais pela equidade de gênero. Além do impacto positivo que isto gera na sociedade, as ações afirmativas também são importantes do ponto de vista de negócios, uma vez que no mercado de trabalho, se destacam as empresas que promovem processos seletivos, programas de mentoria e de aceleração de carreiras exclusivos para mulheres.
Com a presença de mais mulheres em cargos de liderança, tendem a surgir melhorias na comunicação, estímulos para maior colaboração e horizontalidade na tomada de decisões. Em minha vivência, vejo que o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é uma pauta bastante defendida por mulheres, além do fomento a outras práticas de inclusão, que vão além do gênero.
Isso sem contar a inspiração que é, para profissionais mais jovens, ver outras mulheres em cargos de liderança. Representatividade importa, especialmente quando falamos de mulheres pretas, pardas, gordas, LGBTQIA+ e PcD. Desde que entrei no mercado de trabalho aprendi com líderes mulheres o quanto a pluralidade de ideias é capaz de fomentar tomadas de decisão mais assertivas e adequadas ao nosso tempo.
Agora em maio celebramos o mês das Mães, e apesar da maternidade não ser uma escolha de todas as mulheres, o respeito aos direitos relacionados à parentalidade são preocupações dos RHs e de todos nós, enquanto sociedade. Assegurar a licença-maternidade, a estabilidade no retorno, flexibilidade para amamentação e licença-paternidade estendida são algumas das práticas que adotamos em Kraft Heinz para quem tem filhos – sejam eles biológicos ou afetivos.
Não à toa, as mulheres estão à frente de 40% dos cargos de liderança de Kraft Heinz, e temos um propósito de ampliar esse número nos próximos anos. Para nós, a equidade de gênero não é apenas uma meta, é um movimento cultural. Nós entendemos o quanto ela é positiva para os negócios, pois nosso crescimento sustentável depende diretamente da nossa diversidade de ideias, vivências e talentos.
Exemplo disso é uma iniciativa super bacana, que partiu das próprias líderes de Kraft Heinz, foi a criação de um grupo de mentoria em nossa fábrica em Blumenau, Santa Catarina, chamado “Super Fridas para o Mundo”. O grupo foi criado em conversas informais em que as mulheres líderes dão apoio para que outras mulheres também se sintam encorajadas para buscar cargos de liderança na indústria.
Importante lembrar que também é responsabilidade dos RHs garantir que as companhias sejam ambientes seguros para mulheres. Temos iniciativas como treinamentos e conteúdos educativos sobre assédio sexual, canais de ouvidoria seguros e a garantia da não-impunidade em caso de denúncias. Afinal, esse papo também é para os homens, já que o desrespeito não deve ser tolerado em nenhum lugar, muito menos dentro das corporações.