Apesar do avanço da vacinação no Brasil e de todas as medidas protetivas utilizadas pela sociedade, o reflexo da pandemia entre a classe trabalhadora, pais e estudantes é de medo, angústia e ansiedade. Diversos segmentos se veem forçados à volta aos meios presenciais para seguirem dentro da normalidade, o que, no entanto, para alguns especialistas em saúde mental tem afetado as pessoas psicologicamente.
Desde agosto as escolas públicas e particulares voltaram às aulas presencialmente e com isso o medo de pais e alunos veio à tona. Segundo a Secretaria de Educação, todos devem seguir os protocolos de distanciamento, o uso do álcool em gel, a máscara, além de contingenciamento caso ocorra algum caso novo nas unidades. Para além, a secretaria reitera que: “a volta às aulas é uma decisão médica”. Mesmo que os alunos não sejam obrigados a voltar para as salas de aula, a continuidade do ensino é uma necessidade para o ano letivo, e mesmo não comparecendo presencialmente eles devem entregar as tarefas e fazer as avaliações.
Para a psicanalista Natthalia Paccola essas medidas afetam pais e filhos, gerando conflitos que vão desde a depressão, passando pela ansiedade e pelo medo. “Podemos notar, até mesmo, os alunos mais pacíficos apresentando comportamentos agressivos, pois não conseguem compreender e lidar com esses sentimentos. Neste momento, é preciso manter o diálogo, o vínculo amoroso e o acolhimento dessas emoções, junto de recursos terapêuticos, para trazer alívio para todos.
Já os trabalhadores que estão deixando as atividades de home office para seguir ao trabalho presencial sofrem da mesma maneira, com o agravante da pressão para não perder o emprego e a renda familiar. Paccola reforça que empresas que disponibilizarem profissionais para que seus empregados sejam acompanhados psicologicamente tendem a melhorar sua produção. “Observar de perto os efeitos emocionais desse retorno minimizará futuras perdas repentinas de mão de obra”, salienta.
A psicanalista lembra também da importância de se enfatizar o Setembro Amarelo, mês de luta contra o suicídio, nas empresas, para que se abra um diálogo franco sobre as dinâmicas de tratamento caso o trabalhador esteja passando por alguma dificuldade em lidar com as novas dinâmicas da vida.