A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina de todo mundo em diversos aspectos. Milhares de pessoas tiveram sua rotina afetada pelo isolamento social e o medo de se contrair a Covid-19, doença causada pelo vírus. Saindo de suas rotinas habituais, os primeiros dias de quarentena foram difíceis para grande parte da população e os cuidados com a saúde mental ficaram em pauta.
Diante desse cenário, a psicóloga Clenice Araujo, da Alba Saúde, rede de clínicas populares no Rio de Janeiro, lista alguns pontos para deixar esse período um pouco mais leve e também aponta fatores que devem ser observados.
Milionários de tempo
A psicóloga explica que tem falado com seus pacientes que neste momento estamos milionários: milionários de tempo. “Todas as pessoas reclamam que não tem tempo de colocar seus projetos em prática e agora estamos todos milionários de tempo, por ficar mais tempo em casa. E o que estamos fazendo com esse tempo? O meu chamado é para que todos reflitam sobre os projetos engavetados como escrever um livro, aprender a cozinhar, aprender um novo idioma, aprender a pintar… A hora de pôr em prática é essa! Porque o tempo é a única coisa que não podemos recuperar”, explica.
Viver o presente
Ela também pontua que não fazer as coisas que o nosso coração e subconsciente pede e exige que a gente faça são gatilhos para a ansiedade. “Como no nosso dia a dia não colocamos em prática nem 10% das nossas ideias, sonhos e planos, a nossa mente grita e o sintoma é a ansiedade. Investigamos sempre as quatro grandes áreas dos pacientes: família, trabalho, vida amorosa e saúde. E se aparentemente está tudo bem com elas. Mas quando a pessoa se sente ansiosa, vejo claramente um sonho não realizado, frustração, um chamado interno que está ali. E a pessoa nunca está no presente. A ansiedade é ausência de presença. Ela está no passado, pensando em coisas que aconteceram ou ela está projetando o futuro”, pontua.
A chave mestra para virar esse momento, segundo a psicóloga, é estar presente nesse momento, com a sua vida, família, sonhos, olhar para dentro, estar presente com você, respirar e ver que chamados são esses. “Que angústia é essa? Esse momento é uma convocação para a presença. Esteja presente com você, com sua família, olhe para quem está próximo de você e veja se você realmente conhece quem está ao seu lado”, questiona.
Colocar a criatividade para fora
Parar de ficar no passado e de se projetar no futuro é importante. Ficar no presente, respirar, se conectar com o seu corpo, sentir seu corpo, seu coração pulsando. Essa crise do coronavírus é para olhar para dentro, é buscar algo de produtivo e positivo para fazer, pontua a especialista. Então, use toda a sua criatividade para produzir coisas novas, aproveite o tempo para ler, se informar, sem tanto excesso de notícias, pois podem criar gatilhos de ansiedade e busque se especializar ainda mais no que faz. “Quem vai sair melhor dessa crise é quem se preparar para quando tudo isso passar. Se você tem um negócio, emprego e sonhos, se torne um profissional no que você faz. Se aprofunde para ser um especialista no assunto, aprenda algo que você gosta de verdade, faça valer a pena o tempo que está sendo concedido. O tempo não volta, esse é o único ativo que não se pode recuperar”, ressalta Clenice.
Respiração
Em momentos complexos ou situações ruins, a psicóloga sempre indica: respiração. “Quem respira conscientemente controla o mundo. Para quem tem fobias ou quando estão em situação de pânico e param para respirar, a pessoa se conecta com ela e o pânico passa. Quando você respira conscientemente, você está presente, o pânico é ausência de presença, quando você está em pânico você está fora de controle e não está conectado com sua essência, com seu autocontrole. Respire, ouça uma música calma, tome um chá relaxante e tente se acalmar. Esse período é um chamado para olhar para dentro, para você encontrar sua força interna. Está tudo bem e vai passar”, pontua.
Busque auxílio
É importante também buscar auxílio médico, caso não haja um movimento de reação dentro desse período. Se o desânimo for constante e momentos de ansiedade também, a psicóloga orienta buscar ajuda. “Estamos atuando através de telemedicina, uma prática já comum na psicologia. Sobre ansiedade e resistência, elas são dois sinônimos. Eu fico ansioso porque estou resistindo a fazer alguma coisa que o meu subconsciente quer fazer. Então, busque orientação psicológica para cuidar de sua mente e tudo ficar bem”, finaliza Clenice.