Por Samantha Politano, Diretora de RH da Gocil
Poucos anos atrás, a área de recursos humanos era vista apenas como um setor de despesas. Afinal, em uma considerável fatia das empresas, ali concentramos o maior percentual de gastos, como folha de pagamento, benefícios, processos trabalhistas, segurança, medicina ocupacional e treinamentos. E isso, convenhamos, não ajuda em nada na retórica de convencer um acionista a investir ainda mais na área, pois uma empresa existe para dar lucro e não diluir o capital investido. Portanto, como mudar essa visão míope sobre o setor?
Durante mais de uma década, esse foi o meu maior foco. Mudar a forma como o RH era visto e reconhecido nas empresas. O primeiro passo que sempre indico quando alguém está começando na gestão da área é: dedique o máximo de tempo que você puder para entender como a empresa funciona, qual a cultura das pessoas que estão na organização, o que a fez chegar até aqui. Depois, comece com as perguntas que ninguém quer fazer. Sim aquelas que te trazem as respostas mais incomodas possíveis e, ao final, olhe para dentro de si e pergunte em torno disso tudo: onde eu estou, sou importante? Como eu faço a diferença?
Colocar foco em desenvolver e unir pessoas e formar times de excelência para a entrega de metas e objetivos demandam dedicação diária. É preciso mergulhar profundamente no negócio da empresa, entendendo e desenhando os perfis e sugerindo ideias para cada posição dentro da entrega macro da empresa. Essa deve ser a busca constante de um RH estratégico do século XXI.
Temos acesso às melhores práticas e tecnologias, não para substituir pessoas, mas para trocar processos burocráticos que tiram a energia e o foco dos colaboradores. Meu maior legado sempre foi unir os mais diversos perfis em prol de uma equipe unida, focada em um objetivo maior, que é o crescimento da empresa, utilizando todas as ferramentas possíveis e disponíveis para minimizar custos e alavancar ganhos dentro da minha área, ou seja, o foco sempre no resultado. Afinal, uma empresa existe para trazer ao seu acionista resultado financeiro, pois, sem isso, ela perde o seu propósito de existir.
Porém, para toda essa magia acontecer, uma palavra é fundamental: engajamento! E como eu faço isso? Todos os dias, um pouco de cada vez, transmitindo para as pessoas a importância delas e de suas competências para o desenvolvimento do negócio, mostrando a elas o quanto são importantes, o quanto elas podem crescer tendo um propósito, assim como eu tenho o meu.
A síndrome do farsante
Todos nós, quando crescemos profissionalmente, temos uma voz interna que nos atormenta todos os dias. E se eu não for tão bom quanto os meus líderes pensam que eu sou?
Esse seria o meu primeiro grande conselho: não deixe essa voz falar alto em sua mente. Em algum momento da vida, todos nós sentiremos essa síndrome, cedo ou tarde não importa. E ela é importante, pois nos lembra que somos seres humanos. O nosso critico interno na dose certa nos faz avançar, crescer, buscar mais aprendizagem, ter humildade, sabedoria de buscar ajuda quando necessário, mas, como tudo na vida, dentro de um limite e no equilíbrio certo. Essa voz não pode ser mais alta do que sua confiança em você, na sua história e na sua capacidade de realizar.
Foco, rotina e destino
O segundo conselho é ter um plano claro em mente, focado e com sua rotina totalmente desenhada para o objetivo desse plano. As ações devem convergir para o atingimento dessa meta, que deve ser factível e clara. De preferência, ela deve estar escrita em um pedaço papel, para que seu foco não caia no esquecimento.
Assim é na área de recursos humanos: ações diárias, pequenas. O que faz a diferença em uma grande jornada de quilômetros são os pequenos metros diários bem caminhados. Eu sempre gostei muito de rotina, pois ela me traz um equilíbrio e uma paz que são fundamentais para o meu estilo de gestão. Com isso, eu sempre passei este equilíbrio para toda a minha equipe.
Ouvir mais e falar menos
Tem pessoas que são múltiplas, estéreas. Eu sou mono, preciso ouvir um de cada vez.
O terceiro conselho, primeiro pergunte, depois ouça toda a resposta e, por último, pondere. Saber fazer as melhores perguntas irá te levar às melhores respostas, mesmo que não seja a que você está louco para ouvir. E aí vem a próxima lição: aceite de verdade a diferença.
Aceite a diferença
O quarto conselho vem com o conceito de diversidade ou diferença. Para mim, diversidade é simplesmente tratar todos com igualdade, respeito e dar as mesmas oportunidades de crescimento. De maneira simples, sem muitas políticas ou regras complexas, fazer isso é um bom começo para ter um time múltiplo de competências e de alta performance.
Seja você! Sua maior marca
O quinto conselho, mantenha seu pensamento sempre altivo, alinhado com o seu objetivo de vida, focado em projetos de construção, pensando positivamente e sonhando em grandes realizações. Isso guiará suas ações para o seu desenvolvimento e crescimento profissional. Persevere no seu foco.
“Quem tem um porque, enfrenta qualquer como”. (Viktor Frankl)