Por Maurício Pedro, gerente do atendimento corporativo do Senac São Paulo
Pesquisa divulgada pela Reconnect | Happiness at Work, realizada entre maio e julho de 2021, mostrou que os brasileiros possuem um sentimento de realização e orgulho em relação ao seu trabalho. O objetivo do levantamento era capturar os sentimentos dos profissionais no momento de volta aos escritórios e os novos modelos laborais.
Resultado: 73,41% dos brasileiros participantes disseram sentir orgulho e realização no trabalho pelo menos uma vez por semana. Além disso, 80,9% dos respondentes disseram que sentem que seu ofício impacta positivamente a sociedade, dado semelhante ao global (80,73%).
E, nesse caso, é inevitável fazer alusão à velha máxima de que o trabalho engrandece o ser humano. Essa afirmação é verdadeira à medida em que permite a realização pessoal e profissional, nos dando a sensação de concretude, de utilidade à sociedade. Até porque uma das principais necessidades do ser humano é o pertencimento e o ambiente laboral traz essa possibilidade.
Apesar da importância e do significado do trabalho na vida dos brasileiros, ainda há muita desmotivação, altas taxas de ansiedade e falta de segurança psicológica. Você deve estar se perguntando: qual a relação entre o sentimento de realização e orgulho e o cenário de alta ansiedade e pouca segurança psicológica no trabalho?
Penso que as sensações de alta ansiedade e pouca segurança psicológica estão relacionadas a dois fatores principais, sendo eles: a pandemia e seus impactos – adaptação do espaço das casas para o trabalho, privação de liberdade, perda de pessoas queridas de emprego e da renda – e o efeito da tecnologia nas nossas vidas – nesse caso, principalmente com a eliminação de posições que estão sendo substituídas pela máquina tecnológica.
Soma-se a isso a insegurança causada em relação a necessidade de nos atualizarmos e termos que aprender novas competências para essa nova era. Não diria que há uma relação estreita entre uma coisa e outra, entre o orgulho em trabalhar e a ansiedade das pessoas, mas é importante fazer essa análise e buscar maneiras de ajudar quem nos cerca, seja em casa ou no trabalho.
Mais mudanças à vista
Faz alguns meses que a volta aos escritórios e os novos modelos de trabalho instaurados são realidade no Brasil, algo que tem suscitado reflexões por parte dos profissionais. Alguns estão procurando entender o que essas mudanças podem causar em suas rotinas; outros se mostram muito ávidos e desejosos de ter a oportunidade de ficar em casa, trabalhando e convivendo com a família. Há ainda aqueles que voltam a ter prazer em retornar a uma rotina que, mesmo incluindo percursos entre casa e trabalho, sentem-se bem em poder se relacionar com os colegas e em sentir a atmosfera do ambiente de trabalho, o que nem sempre é possível no mundo virtual.
Ainda precisamos compreender melhor como o modelo híbrido pode ser incorporado à rotina. Acredito que haja espaço para a transformação, mas toda mudança pressupõe cautela e desacomodação.
Diante desse complexo cenário, um ponto de atenção para o ano que se aproxima precisa ser a motivação dos funcionários, pois esse aspecto revela o quão engajados estão e, consequentemente, saudáveis e produtivos.
Estamos em um momento delicado, que requer atenção das empresas. Muitas pessoas estão impactadas pela catástrofe que o mundo vem passando: a pandemia ainda nos assombra, e a falta de clareza e segurança quanto a voltarmos a certa normalidade em nosso cotidiano nos tira o sono. As companhias devem estar atentas aos sinais, utilizarem a liderança para observar esse contexto e capacitá-los para lidar com a motivação e o engajamento dos colaboradores.