Resiliência no trabalho: até que ponto é saudável? Especialista explica como empresas podem promover o equilíbrio entre força e bem-estar dos colaboradores.
A resiliência, capacidade de superar desafios e se adaptar a mudanças, é cada vez mais valorizada no mundo corporativo. No entanto, a busca por profissionais resilientes levanta questões importantes sobre os limites dessa característica, visto que o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos diagnosticados de burnout, de acordo com estudo da International Stress Management Association. O esgotamento mental e emocional é uma das principais doenças ocupacionais contemporâneas, mas não é a única consequência de ambientes estressantes.
Especialista em desenvolvimento humano e organizacional, Susana Azevedo alerta para a importância de diferenciar resiliência de tolerância a condições de trabalho prejudiciais à saúde mental. “A resiliência não significa suportar qualquer carga, mas sim encontrar um equilíbrio entre a capacidade de lidar com desafios e o cuidado com o bem-estar pessoal”, afirma a profissional que também é coach e sócia da Quantum Development.
Para isso, é importante entender a diferença entre resiliência e resistência a ambientes tóxicos, evitando que os profissionais sofram consequências graves como o burnout. “É fundamental que as empresas compreendam que a saúde mental dos colaboradores impacta diretamente na produtividade e no sucesso da organização”, ressalta.
Sinais de alerta e o papel da liderança
Susana destaca alguns sinais que indicam que a resiliência de um profissional está no limite, como:
- Cansaço excessivo e dificuldade de concentração;
- Irritabilidade e alterações no sono;
- Baixa imunidade e doenças frequentes;
- Desconexão entre vida pessoal e profissional.
Diante desse cenário, a liderança desempenha um papel crucial na identificação e prevenção do burnout. “Os líderes precisam estar atentos aos sinais de sobrecarga e oferecer apoio aos seus colaboradores, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado”, afirma.
Cultura organizacional e o futuro do trabalho
A cultura organizacional é um fator determinante para o desenvolvimento da resiliência dos colaboradores. “É preciso criar um ambiente onde a resiliência seja valorizada, mas sem exigir sacrifícios extremos. As empresas precisam investir em programas de bem-estar e desenvolvimento pessoal, além de promover uma comunicação aberta e transparente”, destaca a sócia da Quantum Development. “Sabemos que a liderança direta de qualquer colaborador, qualquer que seja o nível, tem o maior impacto no ambiente de trabalho e no bem-estar emocional e físico das equipes. Por isso, é tão importante desenvolver líderes para serem exemplos de inteligência emocional e resiliência, assim como liderarem suas equipes com equilíbrio”, completa.
A busca por profissionais resilientes é fundamental para o sucesso das empresas em um mundo cada vez mais complexo e desafiador. No entanto, é preciso ter cuidado para não confundir resiliência com tolerância a condições de trabalho insalubres. Ao promover um ambiente de trabalho saudável e equilibrado, as empresas podem contar com colaboradores mais engajados, produtivos e satisfeitos.