A importância de planejar, rever e se reinventar a partir dos 40 anos
Aos 35 anos comecei a planejar meu futuro de carreira pós corporativa. Tinha uma carreira executiva que corria bem, com os altos e baixos de um percurso natural. A formação acadêmica contava bastante, idioma era importante, MBA era um diferencial, experiência no exterior era relevante. Na época, atuando como gestora da Latam, demonstrava que estava no caminho certo. De repente uma pergunta surgiu em minha mente: quanto tempo de vida corporativa terei? Estarei velha para a corporação aos 55 anos? Qual é o perfil das pessoas que se mantêm dentro das organizações até os 60 anos?
Essa inquietação foi uma luz e passei a observar os executivos brasileiros ao meu redor, homens e mulheres na faixa de 45 anos em diante, e tive uma surpresa que se revelou importante para que eu pudesse rever e planejar o meu futuro. Com essa análise de mercado, percebi que aos 45 anos é bom você ser um alto executivo, no cargo de diretor para cima, pois isso poderá aumentar sua chance de permanecer na corporação aproximadamente até uns 60 anos. Caso contrário, em raras exceções, seu salário será muito alto para os cargos compatíveis com sua experiência e não haverá vagas suficientes para você manter-se nelas.
Depois meu segundo questionamento foi: mas eu quero ser diretora ou presidente de uma multinacional? Ou competiria a estas vagas para poder sobreviver em uma corporação até os 60 anos? E minha resposta foi imediata, não. Eu era feliz com um cargo de gestão executiva e não sentia vontade de ser presidente e ou diretora. Então, percebi que minhas chances de ficar até a idade avançada em uma empresa seriam bem reduzidas. Afinal, atualmente, quantos gerentes você conhece com 50 e 60 anos nas empresas?
Foi quando se apresentou uma terceira questão: será que devo empreender após sair da corporação? Ou devo empreender agora com 35 anos? E minhas respostas foram imediatas: o quanto antes decidir empreender ou planejar minha vida pós corporativa teria mais tempo de acertar, corrigir e equilibrar. Somado a isso, teria também mais energia e folego.
E o que aconteceu de lá para cá? Passei a planejar, realizar, consertar, reaprender e reinventar. O primeiro aprendizado foi o de montar um negócio na área de varejo. Pensei: com toda a experiência executiva que tenho, será moleza levar em frente uma loja varejista… A vivência me demonstrou que empreender era bem diferente de fazer a gestão executiva. E que o varejo exige agilidade, suor e mão na massa, e que nenhum crachá corporativo havia me preparado para ser um empreendedor no Brasil.
Todas as minhas economias foram colocadas naquele negócio e me vi aos 40 anos no primeiro fracasso de empreendedora. Porém, tinha uma certeza: eu sabia que escolhera este caminho e que já estava me planejando para isso. Respirei fundo, revi meu plano de ação e comecei do zero um novo negócio. Somei o aprendizado anterior para pautar novas atitudes e decisões. Hoje, após 15 anos de minha jornada, sinto que tomei a decisão certa, entendo que há um caminho a ser alimentado para que no futuro próximo possa seguir produzindo de forma sólida e independente. Onde o tempo e a vivência adquirida estarão ao meu favor e com total confiança.
E você, quando começará a planejar o seu futuro pós corporativo?
Por Mariella Gallo, palestrante e especialista no desenvolvimento de pessoas
Imagem:Pixabay