Por Adriana Schneider – especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional da Humanare
Projeções matemáticas indicam que serão necessários 267 anos para que as mulheres recebam o mesmo que os homens. É preciso que a sociedade enxergue e aceite a verdadeira importância do empoderamento feminino para alavancar o desenvolvimento social e econômico de forma mais acelerada!
Segundo o relatório Estatísticas de Gênero Brasil: indicadores sociais das mulheres no Brasil do IBGE 2021, as mulheres recebem, em média, 23% a menos que os homens na mesma função e experiência. Essa diferença de quase ¼ diz muito sobre a discriminação e preconceito no mundo do trabalho com as profissionais e extrapolam para outros sistemas sociais como na própria família, onde é comum serem subordinadas a um ente de gênero masculino, especialmente quanto às tarefas domésticas. Imagine o impacto disso para as próximas gerações de brasileiros?
O Fórum Econômico Mundial organiza o Global Gender Gap Repor, que apresenta a análise da igualdade entre homens e mulheres em 144 países. No relatório de 2021, o Brasil está na 93ª posição, apresentando uma queda de 11 posições nesse ranking nos últimos anos, o que evidencia um retrocesso no processo de luta pela igualdade de gênero. Essa lacuna se manifesta principalmente em termos da desigualdade de salário e renda, mas também pela participação e oportunidade na força de trabalho, onde apenas 61% das mulheres adultas estão presentes e se evidencia na camada de cargos seniores e de liderança é de apenas 39,4%.
Embora o cenário empresarial já tenha evoluído, sabemos que ainda temos muito o que conquistar, principalmente porque a sociedade tem apresentado uma demanda crescente por oportunidades mais justas e que respeitem a dignidade de todas as pessoas, independentemente do gênero.
Construir uma cultura igualitária, diversa e inclusiva ressignifica os papéis dentro de uma empresa e da sociedade. A estimativa é que a igualdade entre gêneros no meio corporativo só será conquistada em 136 anos, segundo o último relatório anual do maior estudo sobre liderança feminina do Fórum Econômico Mundial.
Segundo dados de pesquisa realizada com 783 mulheres brasileiras que ocupam cargos relevantes na liderança, elas declaram que precisam lutar contra suas próprias barreiras mentais, como o medo de falhar e que mesmo com a visão clara de seus objetivos, sentem-se inseguras em como fazer para conquistá-los. Revelando o quanto são impactadas por vieses inconscientes que ainda se encontram enraizados na nossa sociedade.
As lideranças femininas demonstram em resultados uma excelente capacidade de resolver problemas, inteligência emocional, gestão de equipe, negociação, falar em público, finanças, educação, networking, conhecimento mercadológico e espírito empreendedor. É preciso criar mecanismos para que cada vez mais mulheres ocupem cargos de liderança.
É necessário criar uma rede de aliados para intensificar ainda mais a relevância aos questionamentos sobre como elaborar e incentivar estratégias de desenvolvimento pessoal e organizacional como mecanismo na busca da igualdade que proporcionem a igualdade de gênero em todas as camadas do mundo corporativo e da sociedade.
Fonte: Panorama Liderança Feminina: a visão delas sobre os desafios de gestão, da StartSe/Opinion Box – 2021, Global Gender Gap Report do Fórum Econômico Mundial – 2021 e Indicadores sociais das mulheres no Brasil do IBGE – 2021.