Adaptação geracional ao uso da inteligência artificial reflete mudanças no mercado de trabalho e na vida pessoal.
A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros, seja no ambiente corporativo ou na vida pessoal. Segundo levantamento da Talk Inc., 63% da população já utilizou alguma ferramenta de IA, com destaque para assistentes virtuais como Alexa e Siri. Essas tecnologias não apenas auxiliam na organização de tarefas, mas também oferecem suporte para consumo de informação, como notícias sobre o mercado de trabalho, previsão do tempo e receitas.
Fabrício Carraro, Program Manager da Alura, plataforma de educação em tecnologia, observa que o impacto da IA vai muito além dessas ferramentas já populares. Com o avanço da IA generativa, seu uso tem se expandido de forma expressiva nos últimos anos, influenciando diretamente a produtividade profissional e a forma como diferentes gerações interagem com a tecnologia.
Como cada geração adota a IA?
Carraro explica que o uso da IA varia conforme a faixa etária. Gerações mais antigas costumam adotar a tecnologia para tarefas mais simples, como agendamento de compromissos e automação de dispositivos domésticos. Em contrapartida, os mais jovens exploram a IA de maneira mais estratégica, especialmente no ambiente corporativo, para aprimorar produtividade e inovação.
“Essa disseminação está impulsionando tendências como o ‘Bring Your Own AI’ (BYOAI), conceito no qual colaboradores adotam suas ferramentas de IA preferidas para desempenhar suas funções, promovendo maior personalização e eficiência dentro das organizações”, destaca Carraro.
O relatório Work Trend Index 2024, elaborado pela Microsoft e pelo LinkedIn, confirma essa diferença geracional. De acordo com os dados, 85% dos profissionais da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e 78% dos Millennials (1980 a 1995) já utilizam IA no trabalho. Entre a Geração X (1965 a 1980), esse número cai para 76%, enquanto entre os Boomers (1946 a 1964), 73% aderiram à tecnologia.
Independentemente da intensidade do uso, os números mostram que a incorporação da IA é uma realidade em diferentes faixas etárias. “As pessoas começam a perceber que ferramentas como o ChatGPT e o Gemini podem otimizar suas rotinas diárias, aumentando a eficiência no trabalho e nas tarefas pessoais”, pontua o especialista.
Desafios e resistências na adoção da IA
Apesar da crescente adesão, ainda há resistências. O relatório “Índice de Força de Trabalho”, do Slack, revelou que 35% dos profissionais brasileiros hesitam em admitir o uso de IA por receio de serem vistos como preguiçosos ou ineficientes.
Carraro explica que essa insegurança decorre da falta de compreensão sobre o papel da IA. “Ainda existe um estigma de que a automação e a IA generativa podem substituir empregos ou comprometer a qualidade do conteúdo produzido. No entanto, esses receios frequentemente surgem do desconhecimento sobre o funcionamento e os limites da tecnologia”, afirma.
Ele sugere que o aprendizado sobre IA, incluindo técnicas como engenharia de prompt, pode ajudar a reduzir essa percepção negativa e aumentar a confiança no uso das ferramentas.
Aprendizado tech: um caminho necessário
O mesmo relatório do Slack destaca uma contradição: enquanto 90% dos brasileiros reconhecem a importância de aprender sobre IA, apenas 49% dedicam mais de cinco horas por mês para se aprofundar no tema.
Carraro enfatiza que as empresas têm um papel fundamental para mudar esse cenário. “As organizações precisam implementar estratégias acessíveis e eficazes de aprendizado, garantindo que profissionais de todas as gerações se sintam preparados para lidar com as novas tecnologias”, ressalta.
Para ele, a chave está em adaptar a IA às necessidades de cada público. “Ao entender as diferentes motivações e desafios de cada geração, a tecnologia pode ser incorporada de forma mais natural e eficiente, promovendo transformações tanto no ambiente profissional quanto na vida pessoal”, conclui o especialista.
Com a evolução da IA, fica claro que o aprendizado contínuo e a adaptação às novas ferramentas serão fatores decisivos para o futuro do trabalho e da produtividade. Acesse o Mundo RH e fique por dentro das principais tendências sobre tecnologia, inovação e mercado de trabalho.