Desafios e oportunidades: Uma avaliação das competências das lideranças no cenário brasileiro.
Por Rogério Baldauf, diretor superintendente da Schmersal
A Fundação Dom Cabral (FDC) divulgou recentemente um estudo anual sobre as lideranças brasileiras, indicando as características mais desenvolvidas e os pontos de atenção nos estilos de gestão adotados pelas corporações.
O levantamento considerou as respostas de CEOs (presidentes, vice-presidentes e membros de conselho), diretores e gerentes sobre seis dimensões da liderança: responsável, adaptativa, centrada no cliente, em redes e ecossistemas, ágil e inovadora.
Principais Descobertas
Dois pontos desse estudo da FDC merecem destaque:
• Foco no Cliente e Redes de Relacionamento: Os líderes mostraram-se menos focados nos clientes e nas redes de relacionamento. Nos resultados globais, essas duas dimensões foram apontadas como as menos desenvolvidas, ao contrário dos estilos responsável, adaptativo e ágil, indicados como os mais praticados. Isso mostra que algumas dimensões ainda são negligenciadas pelos líderes. Vivemos, hoje, um mundo dinâmico e imprevisível, portanto, buscar o desenvolvimento de outras características relevantes à liderança é fundamental para termos sucesso nas funções que desempenhamos.
• Diferença nas Autoavaliações: Quando olhamos para o recorte que considera as posições nas empresas, há uma diferença nas autoavaliações dos profissionais. Presidentes e diretores deram as melhores notas para as seis dimensões, enquanto os gerentes deram as notas mais baixas. Esse cenário leva a considerar duas opções: ou existem pontos cegos na análise feita por presidentes e diretores, ou as empresas estão com problemas na comunicação dos conceitos e informações relevantes. A segunda opção parece a mais plausível, visto que essas falhas na transmissão da cultura e dos valores, infelizmente, não são raras.
Importância da Comunicação
Um dos papéis da liderança é zelar pela boa comunicação dos valores e propósitos da empresa, fazendo com que eles sejam facilmente incorporados pelos colaboradores. Podemos supor que, se a pesquisa fosse realizada com cargos operacionais, o resultado seria ainda pior.
Os líderes devem se posicionar e ser vistos como facilitadores da comunicação dos valores e da estratégia da empresa para os profissionais que trabalham nela. Quando isso acontece, temos uma cultura organizacional sólida, processos internos funcionando adequadamente, melhor posicionamento da corporação no mercado e uma visão mais uniforme das características da empresa e das lideranças entre diferentes instâncias.
Pelo estudo da FDC, parece claro que a comunicação ainda é um desafio a ser superado e a liderança tem responsabilidade direta sobre esse processo. Mais do que transmitir mensagens, os líderes devem incorporar os valores da empresa e ser vistos como representações daquilo que é comunicado.