Especialista explica como diferenciá-lo dos demais sintomas da má digestão e dá dicas para prevenção
Recentemente o cantor Michel Teló relatou que sofre de refluxo e que possui uma atenção especial com a alimentação, a fim de evitar que o problema atrapalhe sua rotina.
Você sabe o que é o refluxo, como identificar e tratar? Ele é mais comum do que se imagina e pode ser confundido com outros sintomas da má digestão. Negligenciar o refluxo pode ocasionar a evolução do quadro para condições mais graves, daí a importância do tratamento adequado.
O refluxo é um problema mecânico com consequências que causam bastante desconforto, como a azia e queimação. “Ao ingerirmos um alimento, durante o processo digestivo, este passa pelo esôfago e chega ao estômago. O esfíncter, localizado entre estes dois órgãos na parte inferior do esôfago, funciona como uma espécie de válvula e deve abrir para a passagem da comida e de líquidos. O mal funcionamento deste músculo pode permitir que o conteúdo do estômago, que é ácido, volte ao esôfago, causando aquela sensação de azia e queimação que caracterizam o refluxo’, explica o presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), Dr. Flávio Quilici.
As causas principais da doença são os hábitos de vida das pessoas, como o consumo crescente de alimentos processados, refeições volumosas, falta de atividade física regular, excesso de peso, picos de estresse, cigarro. O consumo de refrigerantes com cafeína, bebidas alcoólicas em excesso, bebidas quentes e sucos cítricos, além de alimentos gordurosos ou apimentados, tendem a aumentar a acidez no estômago contribuindo para o refluxo.
Sintomas do refluxo
Apesar de a queimação ser a característica mais comum, quem sofre de refluxo pode apresentar outros sinais. Entre os sintomas da doença estão:
- Azia
- Dor no tórax (não relacionada a doença cardíaca, apesar de intensa)
- Tosse crônica
- Rouquidão
- Pigarro
- Mau hálito
- Apneia ou outros distúrbios do sono.
Se você apresenta esses sintomas regularmente, é importante procurar o médico para que ele faça o diagnóstico correto, indique o tratamento adequado e ajude a recuperar a qualidade de vida. Afinal, quem sofre de refluxo sente no dia a dia como a doença afeta o sono, a vida social e até o rendimento no trabalho.
Tratamento
Nos casos de refluxo, a orientação médica normalmente se dá em duas frentes: a) mudanças comportamentais – como rever hábitos alimentares, controlar o peso e praticar atividade física e b) o uso de medicamentos.
E atenção: muitas pessoas costumam utilizar antiácidos para combater a azia. Mas, dependendo da frequência e da gravidade dos sintomas, esse tipo de medicamento não é eficiente porque possui apenas ação imediata e passageira. Depois de um tempo, ele aumenta o pH do estômago estimulando efeito rebote com produção de mais acidez. Por isso, deve ser utilizado apenas em casos onde a azia é esporádica.
Uma opção eficaz é o alginato de sódio, indicado pelos médicos para esse tipo de tratamento há mais de 30 anos, devido à ação mecânica de conter o conteúdo ácido no estômago. O alginato é diferenciado porque forma um gel que faz uma espécie de barreira física na parte superior do estômago, impedindo a volta daquele líquido que sobe queimando até a garganta. A sensação de alívio é também mais duradoura, por até quatro horas. Também não é absorvido pelo organismo, diferente dos antiácidos.
Se você sente azia frequente ou qualquer outro sintoma de refluxo, procure um médico e siga suas orientações. Só o tratamento adequado propicia um efetivo alívio dos sintomas e evita que a doença possa evoluir para condições mais graves, como o câncer de esôfago.
“Tratar os sintomas do refluxo como se fosse uma simples azia ou tomar remédio sem orientação médica pode acarretar uma evolução na doença, em casos extremos, para males mais graves como o câncer de esôfago”, alerta Quilici, presidente da FBG. “Com o tratamento adequado, como o uso do alginato em determinados casos após avaliação médica, há um efetivo alívio dos sintomas e a pessoa ganha muito em qualidade de vida”, conclui.