Em um mundo em constante transformação, empresas que apostam na requalificação de talentos mostram que o futuro do trabalho está mais humano, colaborativo e conectado com o propósito.
Colunista Mundo RH, Fabiana Galetol, Diretora Executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee
O conceito de “fluxos de habilidades” — ou skills flux — foi um dos assuntos mais debatidos na última edição do SXSW 2025. Em sua apresentação, Ian Beacraft, especialista em IA e CEO da Signal and Cipher, foi direto: “A vida útil das habilidades está se esgotando rapidamente”. Há algumas décadas, uma habilidade durava cerca de 10 anos no mercado corporativo. Mais recentemente, esse tempo caiu para 5. Hoje, segundo o futurista, habilidades podem se tornar obsoletas em apenas 2,5 anos — e esse intervalo tende a diminuir ainda mais.
Pode parecer assustador, mas essa transformação também representa uma oportunidade. À medida que o papel do profissional evolui, a tecnologia — especialmente a Inteligência Artificial — muda a forma como trabalhamos e nos conectamos. O desafio está em acompanhar esse movimento, repensando não apenas a produtividade, mas o modelo de trabalho como um todo, com foco na retenção de talentos e na competitividade das empresas.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, 50% da força de trabalho global precisará passar por requalificação até 2025. Isso é reflexo direto das novas formas de trabalhar, das práticas organizacionais em transformação e da necessidade de lideranças mais humanas.
A requalificação, ou upskilling, é mais do que uma solução prática — é uma forma de valorização do potencial humano. Subsidiar cursos, graduações ou especializações fortalece as equipes e cria um ambiente de trabalho mais inovador, diverso e atrativo. Ao mesmo tempo, modelos tradicionais de treinamento estão sendo substituídos por formatos mais ágeis, como o microlearning: vídeos, áudios e quizzes rápidos, personalizados com apoio da IA e adaptados ao ritmo de cada colaborador.
Com a automação assumindo muitas tarefas técnicas, as chamadas soft skills ganham protagonismo. Desenvolver competências como inteligência emocional, adaptabilidade e pensamento crítico é tão essencial quanto aprender uma nova ferramenta digital. Programas de mentoria, workshops interativos, treinamentos práticos e a cultura de feedback contínuo criam espaço para que essas habilidades sejam praticadas e aprimoradas no dia a dia.
A inclusão das soft skills nos planos de desenvolvimento, o uso de dinâmicas de grupo, estratégias de gamificação e a criação de trilhas de aprendizado personalizadas reforçam a importância dessas competências humanas, que a IA ainda não consegue replicar.
Vivemos uma mudança de paradigma. O sucesso não está mais em dominar um conjunto fixo de habilidades, mas em aprender, desaprender e reaprender. Empresas e colaboradores precisam caminhar juntos nesse processo, entendendo que a adaptação é contínua e o aprendizado é uma via de mão dupla.
Nesse novo cenário, escutar ativamente torna-se um diferencial de liderança. Saber ouvir fortalece os laços dentro das equipes, estimula a empatia e constrói ambientes de confiança e colaboração.
Mais do que reinventar profissionais, as empresas precisam se reinventar também. Afinal, a verdadeira inovação nasce quando todos crescem — juntos.