Por Maurício Pedro, gerente do atendimento corporativo do Senac São Paulo
A retomada da economia é pauta nos principais veículos de comunicação. Há um cenário otimista por conta do andamento da vacinação e do consequente aquecimento no mercado de trabalho.
Segundo levantamento da PricewaterhouseCoopers (PwC), realizado entre outubro de 2020 e março de 2021 com 62 companhias multissetoriais, 60% das empresas pretendem contratar nos próximos meses. O estudo também mostrou que aumentaram as ações de readequação e redistribuição da força de trabalho para outras cidades brasileiras.
As organizações estão cada vez mais adaptadas à nova realidade trazida pela pandemia, com ações para garantir a produtividade, mediante políticas que incluam o bem-estar das equipes: 59% das empresas consultadas no levantamento oferecem ações nesse sentido.
Também vale mencionar que, no primeiro ano da crise sanitária, houve evolução da gestão de pessoas, a partir de iniciativas como a concessão de férias individuais e coletivas, a suspensão temporária de contratos de trabalho, redução de jornada, viabilização de benefícios (reembolso de despesas decorrentes do home office, empréstimo de mobiliário), entre outras.
Com iniciativas diversificadas em andamento nas organizações, os departamentos de Recursos Humanos identificam que as lideranças deverão desenvolver habilidades adicionais. Além disso, não dá para desconsiderar o fato de que migramos do mundo VUCA, marcado pela Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, para o mundo BANI, Frágil, Ansioso, Não-Linear e Incompreensível. Na inconstância contemporânea, os desafios se multiplicam.
Pode parecer um contrassenso, mas quanto mais digitais e tecnológicos nos tornamos, mais humanizada e inclusiva a gestão deve ser. Com tanto medo no ar, promover um ambiente laboral com liberdade e segurança, onde é possível desenvolver e criar laços e um senso efetivo de pertencimento é fundamental.
Uma das questões que surgem trata da identificação das ferramentas que podem auxiliar na criação de um ambiente facilitador de performance. Um caminho possível é entender que existem treinamentos que funcionam como pilar das mudanças estruturais e consideram um novo conceito de liderança a partir da figura do líder mediador.
Nesse formato de liderança, o gestor faz a mediação da aprendizagem de seus liderados, incentivando a autonomia nas equipes e elevando em todos o sentimento de competência, desencadeando assim um ciclo contínuo de alta performance dentro da empresa.
O líder mediador possui uma atuação mais ampla, pois além de investir no autodesenvolvimento e na gestão de performance de sua equipe, acaba desenvolvendo outras competências, como a capacidade de orientar e dar feedbacks constantes, fazer boa gestão das diferenças, mediar a aprendizagem e dar autonomia à equipe. Experiências, emoções e cultura permeiam todos os processos.
Por fim, ainda é necessário compreender que, apesar da volatilidade de cenários, apenas a partir da qualidade na formação dos funcionários é que poderemos manter a competitividade nas organizações.