Como fica o setor de RH no momento pós pandemia? Essa é uma das perguntas que as empresas estão se fazendo após 6 meses, durante os quais os negócios precisaram se reinventar. Mudanças e transformações foram postas em prática. A prioridade foi gerar entusiasmo e novo frescor aos negócios face ao inesperado contexto, até então.
As incertezas permanecem, e nesse “oceano de perguntas e dúvidas”, as organizações estão “resetando” seus negócios, liderando de forma bem arquitetada as questões que consideram prioritárias para emergir mais fortalecidas e capazes de superar prováveis momentos críticos. E isso não significa considerar a retomada apenas a volta aos escritórios.
Para Eliane Leite, coordenadora do MBA em Recursos Humanos do IAG – Escola de Negócios da PUC-Rio, a retomada vai envolver muitas mudanças para o setor.
“As ações que visam a segurança e saúde das pessoas, assim como a infraestrutura tecnológica, são itens básicos e essenciais na agenda do RH. Além disso, precisamos também considerar as ações estratégicas que devem estar nas prioridades de Recursos Humanos. Particularmente, eu destacaria duas: as novas habilidades a partir da retomada e a força do “time da casa”. O RH precisa considerar que o mercado de trabalho, mais intensamente que antes da pandemia, está demandando por novos perfis que demonstrem habilidades digitais. As áreas de Aprendizagem Organizacional precisam colocar em prática um plano que contemple esse desenvolvimento de modo ágil e inteiramente diferente dos antigos modelos de treinamento”, comenta.
“A outra estratégia envolve mudança, cultura, liderança e líderes. A retomada vai envolver necessariamente mais mudanças. Não se pode subestimar esse processo que requer preparo dos profissionais de RH. A Cultura Organizacional será um ponto vital a ser considerado. O que já mudou e o que ainda vai mudar? Qual a liderança que será aderente a essa nova cultura? Como vamos preparar os líderes? A arquitetura dos negócios passa a requerer, mais intensamente, líderes que vão precisar compartilhar desafios com suas equipes, que vão precisar abandonar coisas que os tornavam seguros e trazer novas perspectivas. E também, vão precisar combinar empatia com compaixão, sem paternalismo. Para isso, esses líderes vão precisar de curadores e mentores para orientá-los no processo de reflexão sobre seu próprio estilo de liderança. Assim, certamente, os modelos de liderança e desenvolvimento de líderes precisam de um novo “design”, finaliza a especialista.
Para a líder do projeto de transformação cultural da Nissan LATAM e ex-aluna do MBA IAG PUC Rio, Larissa de Luca, antes da pandemia, o mundo já vivenciava uma onda de transformação.
“Tecnologias e ideias disruptivas já eram uma realidade do mercado, mas a pandemia acelerou esse processo, exigindo também uma resposta mais rápida das empresas, tanto nas relações de consumo como no modelo de trabalho. Para este momento de retomada, a prioridade foi a segurança e o bem-estar dos colaboradores. Na Nissan, foram estabelecidos diversos protocolos, com regras de conduta para toda a jornada de trabalho. E para isso foi fundamental o uso de novas tecnologias. Adotamos, por exemplo, um aplicativo de autoavaliação, que precisa ser preenchido diariamente por todos sobre seu estado de saúde, e incrementamos as ferramentas online para aqueles que estão de home office. Outro ponto importante desta retomada foi proporcionar flexibilidade para nossos funcionários.”
Para Gabriela de Oliveira Salgado, analista de RH da IPIRANGA/ICONIC Lubrificantes, ex- aluna do MBA RH IAG PUC Rio, assim como a chegada da pandemia, a retomada representa um momento de incertezas e ansiedade para os profissionais. “Como profissionais de RH devemos estar atentos aos protocolos de segurança do COVID junto com a área de Saúde e Segurança. Invista em comunicação! Divulgar o planejamento, reforçar as medidas de controle e estar disponível para esclarecimentos minimiza ruídos e inseguranças. Não economize na transparência das informações repassadas aos colaboradores”, indica.