Fabrício Granito, CEO do Grupo HEL (Hotéis, Eventos e Lazer)
Apesar de estarmos ainda sob uma pandemia, segundo as entidades oficiais do setor de saude, o setor de eventos, desde o último trimestre de 2021, vem observando um reaquecimento com um aumento de demanda por eventos presenciais, em relação aos eventos online e híbridos, que tiveram predominância durante os anos de 2020 e 2021, com o crescimento dos números de casos da covid19. Posteriormente, com o avanço da vacinação foram perdendo força e o planejamento dos presenciais foram retomados.
Tivemos um início de ano com o surgimento dos casos da variante ômicron que, em um primeiro instante, forçou adiamentos e cancelamentos de eventos de curto prazo, porém com o enfraquecimento já em fevereiro, o planejamento e execução de eventos reiniciou. Festas eletrônicas, eventos corporativos e esportivos, shows e concertos, foram sendo observados em profusão, consolidando de vez a retomada do setor.
O Rio de Janeiro, que é uma cidade vocacionada para eventos de todos os segmentos, seja corporativos, esportivos ou artísticos e que, em média, é realizado cerca de 300 eventos anuais, já tem estimado ainda no primeiro semestre, quase que a metade do que se produz anualmente, o que projeta um alcance dos mesmos índices observados em 2019. No Brasil, a estimativa é de 700 eventos anuais.
O setor de eventos, impulsionado agora por investimentos que antes estavam represados, devidos às restrições impostas nos 2 últimos anos, além de novas tendências que renovam o fôlego, sejam para os presenciais, bem como os digitais, que se tornaram uma excelente opção visando menores custos, refletem uma perspectiva positiva, trazendo otimismo para a recuperação do mercado tão impactado pela pandemia.
Muitos postos de trabalho estão sendo retomados, fornecedores começam a ganhar um certo fôlego, com acesso a crédito e também renegociação de dívidas contraídas em função de um tombo na casa de até 97% para alguns segmentos e, com isso, muitos projetos estão saindo do papel e serão entregues nos próximos meses.
Um setor que movimenta anualmente mais de R$270 bilhões e promove mais de 590 mil atividades anualmente, segundo dados da Associação dos Promotores de Eventos, responsável por aproximadamente 4% do PIB Nacional deve, em 2022, ter um crescimento de 60% em relação à 2021. Setor que empregava cerca de 23 milhões, gradualmente começa a se recuperar com a projeção de eventos musicais, esportivos, feiras e congressos e é provável que, no fim de 2022, o setor de eventos tenha um peso importante na recuperação dos índices de empregos como um todo.
A economia do setor estando aquecida, já projeta realização de 50% do estimado, em âmbito nacional até julho desse ano.
O setor aéreo reflete bem esse aquecimento, pois é fundamental para a logística dos eventos e hoje já se observa a malha aérea operando com 90% em relação às frequências das cias aéreas de 2019.
O mesmo acontece com o setor hoteleiro, que vem se preparando, com restruturação, reforma de equipamentos e espaços e treinamento de pessoal para atender novas demandas. A hotelaria tem um peso importante na ocupação de novos postos de trabalhos. Novos hotéis estão sendo inaugurados em todo país e muitos que tiveram suas operações descontinuadas começam a reabrir.
Setores de alimentos e bebidas, fornecedores de áudio visual e cenografia, relacionados à produção de eventos, apresentam resultados positivos e são segmentos dos mais importantes responsáveis na contratação de pessoal.
Importante salientar que todas as restrições protocolares como exigência de testes e apresentação de certificados foram flexibilizadas e, com isso, os eventos presenciais em equipamentos cobertos e/ou fechados agora poderão acomodar uma capacidade maior de pessoas, sem ser necessário distanciamento, sendo, assim, um fator importante também para um aumento nessa cadeia produtiva.
Apesar de um momento de pressão inflacionária, taxa de desemprego ainda alta e economia ainda se ressentindo, o setor só tende a crescer e se recuperar, diferente de outros segmentos do segundo setor favorecendo, assim, a economia do país.