Além de afetar o ambiente de trabalho, essa mudança pode provocar questões relacionadas ao direito do trabalho.
Nos últimos meses, várias empresas têm comunicado o retorno ao trabalho presencial, movimento que foi recentemente reforçado pela gigante Amazon. O anúncio parece ter sido o catalisador para outras organizações que já tinham a intenção de retomar esse formato, mas aguardavam o momento oportuno para fazê-lo.
“Estamos percebendo que o modelo híbrido ou remoto, embora traga flexibilidade, tem gerado dificuldades na adesão à cultura organizacional e na criação de novos projetos. O trabalho colaborativo, essencial para a inovação e para o desenvolvimento de projetos, acaba sendo prejudicado”, explica Dr. Antônio Vasconcellos Júnior, especialista em Direito Trabalhista Empresarial.
Entretanto, o retorno ao trabalho 100% presencial não tem sido bem aceito por todos os colaboradores. Empresas como Google têm enfrentado resistência por parte dos funcionários, que se acostumaram com a comodidade do trabalho remoto ou híbrido. “Muitos trabalhadores sentiram que o home office proporcionou uma melhor qualidade de vida e produtividade, e agora as empresas enfrentam o desafio de atrair esses colaboradores de volta ao escritório, o que inevitavelmente afeta o clima organizacional”, ressalta o sócio diretor da AVJ Advogados.
Além do impacto no ambiente de trabalho, essa movimentação pode desencadear questões trabalhistas. Segundo a legislação, as empresas podem alterar o regime de trabalho dos empregados mediante um aditivo contratual, respeitando um prazo mínimo de 15 dias para a implementação da mudança.
“É possível que empresas enfrentem desligamentos de colaborados que discordam dessa alteração contratual. Isso pode gerar uma movimentação no mercado de trabalho e nas relações trabalhistas”, aponta o advogado.
Diante desse cenário, as empresas precisam estar atentas às possíveis repercussões legais e buscar formas de minimizar o impacto negativo no clima organizacional e na retenção de talentos. “As empresas devem considerar estratégias de comunicação e negociação com os colaboradores para tentar amenizar os efeitos dessa transição e garantir um retorno menos conturbado, e a desmotivação de seus colaboradores”, conclui Antônio Vasconcellos Júnior.