O modelo de trabalho como conhecíamos acabou de vez. A transição que já vinha ocorrendo para formas híbridas de presencial e remoto foi acelerada quase à velocidade da luz por conta da necessidade de distanciamento social devido a pandemia.
Em países como Estados Unidos, onde a vacinação já atingiu boa parte da população, esquentou o debate sobre como serão os modelos de trabalho daqui para frente. O CEO da Apple, Tim Cook, disse em comunicado em junho que espera que os funcionários da empresa mais valiosa do mundo voltem a ir ao escritório três vezes por semana a partir de setembro. Um grupo de colaboradores se juntou e escreveu uma carta protestando contra a medida unilateral.
No início do ano, pesquisa da LiveCareer publicada no jornal USA Today mostrava que até 30% dos trabalhadores dizem preferir pedir demissão a ter que voltar ao modelo tradicional de trabalho com presença nos cinco dias da semana.
Abaixo, separamos a visão de cinco executivos sobre o que pensam do futuro do trabalho. Confira.
Cadu Cerizze, cofundador da Mokaly , empresa que criou plataforma pensada exclusivamente para gestão remota de times, ressalta que o office invadiu o home e isso pode passar a ideia errada para muitos sobre o que é trabalho remoto.
“A premissa é liberdade geográfica, mais qualidade de vida, menos custos e atrair e reter talentos de todo globo. O que definitivamente fica é a capacidade de reagir para novas condições. Vamos perceber que esse movimento não vai colocar todos no modelo remoto, mas vai ficar muita gente no meio termo e adotar o modelo híbrido. Pensando nessa continuação, desenvolvemos por aqui quatro pilares para o trabalho híbrido/remoto: VAPE: Visibilidade, Alinhamento, Proximidade e Espontaneidade. Esses pilares vão ajudar a empresa a enfrentar a distância geográfica aproximando seus colaboradores, suas ideias e melhores resultados”, afirma Cerizze.
Rodolfo Reis, fundador da WeClever , empresa com foco em Atendimento Humanizado para a conversão de vendas, entende que as possibilidades do trabalho remoto permitem um papel de inclusão social na política de contratação de colaboradores e prestadores de serviço.
“Podemos agora trabalhar com pessoas diversas, independente de onde elas estejam. Claro que isso exigiu adaptação da nossa parte, desde tecnologia até nosso recrutamento. Ficamos muito satisfeitos com o resultado, o trabalho remoto tornou-se realidade e uma conquista para nosso negócio. Hoje nosso time trabalha em todo o Brasil e criamos oportunidades para muita gente que não conseguiria trabalhar conosco se nosso modelo fosse apenas presencial. Desta forma ampliamos nosso alcance, enriquecemos nossa cultura e conseguimos fazer diferença em muitas vidas”, diz Rodolfo, que também é fundador da Leiturinha, o maior clube de assinaturas da América Latina.
Marcos Watanabe, cofundador da SUTHUB , startup que atua como uma VAN (Value Added Network) que interliga canais digitais e seguradoras para vendas de seguros de forma 100% digital, vê o home office institucionalizado como mais uma forma de fornecer qualidade de vida.
“Os empregadores não podem simplesmente fechar os olhos para o que chamamos de aspectos pré-econômicos. O aspecto social da empresa é fundamental e isso está dentro do ESG tanto debatido ultimamente. Proporcionar a melhor qualidade de vida possível ao seu colaborador é um dos pilares do ESG. Desde o início da pandemia implantamos uma série de medidas para suportar o nosso colaborador em Home Office, e para manter as equipes motivadas e conectadas, através de ‘Happy Hours’ virtuais, podcasts de entrevistas e até um programa de voluntariado permanente, em que os colaboradores auxiliam uma ONG. Também adicionamos ao nosso pacote de benefícios um auxílio internet, para ajudar a custear com comunicação”.
Fernando Cirne, CEO da Locaweb, uma das empresas pioneiras em soluções Business to Business (B2B) para transformação digital de negócios no Brasil, acredita que com o home office é possível melhorar o balanço entre vida pessoal e profissional. “As pessoas deixaram de gastar horas no transporte e ganharam esse tempo para aproveitar melhor a vida, seja com dedicação à família, a si próprio ou a alguma atividade nova”. Para a volta pós-pandemia, a Locaweb permitirá a adoção do modelo híbrido, totalmente remoto ou presencial. “As empresas que propuserem essa flexibilidade terão mais chances de atrair e reter melhores profissionais. Tivemos que desconstruir alguns pensamentos e certezas no último ano, e, aos poucos, quando tivermos a opção segura de escolha, iremos nos adaptar novamente e descobrir o que funciona melhor para cada um – oferecendo a flexibilidade e um modelo de gestão que se adapte a essa realidade.”
Marcus Figueredo, CEO da Hilab , healthtech especialista em exames laboratoriais remotos, realizou um programa de testagem em massa em todos os seus colaboradores e familiares desde o início da pandemia.
“Como trabalhamos com uma grande equipe responsável pela produção e análise de exames, e demais áreas da empresa que necessitavam vir a Hilab diariamente, tomamos todos os cuidados necessários e realizamos o inverso do que muitas companhias estavam fazendo. Desde o início da pandemia de Covid-19, nós estamos realizando testagens epidemiológicas periódicas em todos os nossos funcionários. Cada colaborador com resultado positivo para o teste de antígeno, foi isolado imediatamente, e todos os seus familiares puderam fazer o teste na Hilab. Todas as pessoas na empresa adotaram medidas como escala home office e presencial, uso de máscaras, distanciamento de 2 metros e trabalho em um ambiente arejado. Por meio da nossa estratégia de testagem em massa e demais protocolos de saúde, a nossa positividade com o vírus foi 92,2% menor do que a taxa de positividade da cidade de Curitiba”.