Por Eduardo Endo, Coordenador da Pós-Graduação da Faculdade Impacta
A vida não será como antes e nem como está agora. Do ponto de vista corporativo, já fazem bons meses que as empresas enviaram seus colaboradores e operações para o home office. Muitas não queriam, tinham medo ou o principal: não estavam preparadas.
Adaptações foram feitas de ambos os lados e em todas as esferas. Números mostram que nunca se vendeu tanto móveis de escritório (valor gasto cresceu 39% em 2020, de acordo com o relatório Análise de Comportamento de Consumo) e reformou-se tantas residências (aumento de 29,8% de investimentos, segundo o mesmo estudo). Neste cenário ter uma conexão de internet de boa qualidade não é mais luxo e, sim, questão de sobrevivência.
Falar desta jornada que temos vivido e os aprendizados dela, seria cair na mesmice de tantos outros artigos. Por isso, neste pretendo explorar um outro ponto de vista sobre o que experenciaremos nesta próxima página.
Dizer que o home office é um sucesso, é chover no molhado. Assim como dizer que as empresas estão gastando menos e que os funcionários seguem mais felizes, porém nem tudo foi só alegria e o que estamos vivendo é um momento de adaptação com um movimento de grande parte das empresas adotando o modelo híbrido, onde o funcionário trabalha alguns dias da semana em casa e outros fisicamente no escritório, ou seja começamos a observar os sinais de que a vida corporativa irá “sair de casa”.
O que muda com isso?
Primeiramente, gosto de dizer que não estávamos de home office e, sim, de pandemia trabalhando de casa. Olhando de maneira superficial parece que estamos falando da mesma situação, mas, não, pois precisamos entender que a situação que vivenciamos até aqui era diferente, a empresa não podia “obrigar” o funcionário a cumprir sua jornada presencialmente, por uma questão de saúde. Questão essa que ficará sempre acima de qualquer argumento. Neste sentido, aspectos como local de trabalho e políticas de boas práticas foram deixados de lado pelas empresas, pois estávamos vivendo uma situação de emergência.
Voltando para o como começou, não tivemos tempo de nos preparar mutuamente. Tanto empregadores quanto colaboradores tiveram que ser mais tolerantes com a situação, o que deu margem para situações tais quais: “minha conexão caiu e não vou conseguir participar da reunião”, “a conexão está lenta, então não vou abrir a câmera”, “não te respondi porque estou em horário de almoço”.
Além de ambientes não adaptados para a rotina de trabalho, com dia a dia e reuniões orquestrados por crianças, conversas, reformas. Estas situações atrapalham os outros participantes em videochamadas – e até mesmo colocam em questão se o desenvolvimento do trabalho estava eficiente.
Mas, agora, vivenciamos o momento de transição, onde muitos devem iniciar um movimento de volta, no qual, naturalmente, surgem questões de como será esta volta, afinal o que precisamos ter em mente é que trazer a realidade anterior à pandemia não será mais possível, mas a situação atual em muitos casos também não. Então, como será?
Daqui para frente será necessário o início de uma reeducação dos colaboradores para esta nova realidade. Situações passadas muito provavelmente não serão mais toleradas pelas empresas, e será necessário ficar muito alinhado que para que este modelo funcione. O colaborador precisa, sim, ter clareza de que a responsabilidade de ter um espaço de trabalho que atenda às necessidades mínimas de trabalho é dele, e não da empresa. Esta, por sua vez, pode ter uma política de incentivos, mas a “acomodação” que ocorreu durante a pandemia provavelmente terá quer revista.
A união dos dois lados, na criação de políticas claras e na conscientização das responsabilidades de cada um, deve ser o segredo para a construção de um futuro promissor, onde ambos os lados saem ganhando, é importante ter clareza que a empresa vai ter que adaptar seu modelo mental cobrando muito mais de seus colaboradores a entrega pelo resultado e não pela presença por outro lado o funcionário deve ter clareza que está trabalhando não importa de onde, mas que está trabalhando, e que o mesmo bom senso que valia dentro da empresa passa a valer neste mundo digital. De uma maneira bem simplista, ao ter dúvidas se o colaborador está atuando de maneira alinhada com a política da empresa traga para o mundo “presencial” a situação vivida, lembre-se que home office é apenas o fato de você estar trabalhando em um outro lugar, mas todas as regras e condutas são as mesmas.
Para uma ruptura menos dolorosa, o ideal seria o planejamento e, principalmente, muita comunicação, comunicar, comunicar e comunicar, este é o segredo. Sabemos que a vida não será como antes, mas também não será como vem sendo até agora.