Encontrar pessoas automotivadas, resilientes, íntegras e empreendedoras faz toda diferença
Se me permitem, iniciarei este texto sem uma grande novidade, com uma afirmação que é repetida nos quatro cantos do mundo por gestores e estudiosos de gestão: o segredo de organizações bem-sucedidas é gente. Não é novidade, mas é verdadeiro, muito verdadeiro. Hoje, mais do que nunca, o principal ativo de uma organização, aquilo que a leva ao sucesso ou ao fracasso, é o seu time, são as pessoas que ela consegue reunir, qualificar, preparar, estimular. Organizações vencedoras sabem escolher e engajar profissionais de excelência.
Não é por acaso que Jorge Paulo Lemann, um dos mais bem-sucedidos empresários do mundo atualmente sempre que se manifesta publicamente, seja em entrevistas ou em uma de suas raras palestras, destaca que o seu foco principal são as pessoas, é reunir o time certo e se cercar de pessoas excepcionais, que desejam crescer e entregar resultado. É por isso que, sempre que questionado sobre qual é o negócio da sua empresa, a 3G Capital, ele não hesita em responder: “Nosso negócio é gente”.
Como dito anteriormente, não há novidade ou grandes questionamentos a respeito da importância das pessoas no sucesso das organizações. Todos reconhecem, todos falam, todos anunciam. A grande diferença é a capacidade de transformar o discurso em prática. É saber quem contratar e como criar um ambiente estimulante, onde as pessoas possam produzir e crescer.
E isso é um grande desafio. Passa por um processo sólido de recrutamento, mas, especialmente, passa por um processo de construção de uma cultura organizacional ao mesmo tempo instigante e harmoniosa, competitiva e sadia. Atrair talentos é fundamental. Encontrar pessoas automotivadas, resilientes, íntegras e empreendedoras faz toda diferença. No entanto, isso só irá gerar bons resultados para a organização se essas pessoas encontrarem uma cultura adequada, um ambiente propício para colocar em prática suas aptidões, que os estimule e desafie.
Na construção dessa cultura organizacional, um elemento me parece fundamental, o espírito empreendedor. Esse espírito, essa chama não deve estar presente apenas no investidor ou no executivo, mas em cada uma das pessoas que compõem o corpo de colaboradores. E quando falo em espírito empreendedor, falo na disposição de enfrentar a incerteza, de arriscar seu tempo, esforço e dinheiro em uma ideia, projeto ou negócio. Falo em um constante inconformismo, uma permanente busca pela inovação, pelo aprimoramento, por prestar um melhor serviço ou produzir um melhor produto. Mais do que a coragem de arcar com incertezas, o empreendedorismo aqui tratado demanda um “estado de alerta”, um “desejo de descoberta”, um “senso de oportunidade”.
Selecionar pessoas com esse perfil e oferecer a elas um ambiente onde elas possam realizar a sua capacidade empreendedora faz toda diferença. Nesse sentido, é fundamental, como já referido, a construção de uma cultural organizacional propícia para o florescimento desse espírito, que não fique só no papel ou na cabeça do gestor de RH, mas que seja aplicado no dia-a-dia da empresa, em todas as ações e interações. Criar esse ambiente não é fácil, demanda regras simples e objetivas, líderes seguros e bem preparados, confiança nas pessoas e em suas decisões, liberdade de ação, definição de metas claras, identificação de responsáveis, cobrança aberta e transparente de resultados, feedback sincero e constante. Enfim, demanda um processo trabalhoso, mas que gera excelentes resultados, pois fundado em duas convicções poderosas: os seres humanos têm um potencial ilimitado e o seu espírito empreendedor é o que faz a sociedade evoluir.
Por Vinicius Poit, cofundador da startup Recruta Simples, ferramenta online de recrutamento.