Iniciamos 2021, cheios de esperança de dias melhores e com uma bagagem de grandes aprendizados. Hoje, ainda vivemos os reflexos das transformações que começaram em 2020 – continuamos enfrentando o distanciamento social; abraçando as lives; lidando com o home schooling e nos adaptando ao trabalho remoto.
Tivemos um ano extremamente atípico, mas que também antecipou tendências que estavam previstas apenas para o futuro. Como nunca, os hábitos, os métodos de trabalho e até mesmo o relacionamento entre as pessoas evoluem e se transformam em um ritmo intenso. Nesse contexto, a capacidade de aprender e se desenvolver constantemente se tornou imprescindível.
Lifelong learning é uma expressão que tem ganhado força nos últimos anos, e que corresponde à concepção do aprendizado como parte de um processo contínuo. Pensar em educação e qualificação durante toda a vida é adotar o lifelong learning, como visão de mundo; entendendo que é necessário se reinventar sempre. O termo reflete exatamente ao dinamismo dos tempos atuais, no qual os profissionais precisam estar sempre dispostos a aprender, acompanhando o ritmo vertiginoso das transformações do mercado.
Com a pandemia, essa realidade se torna ainda mais perceptível; a crise despertou nas pessoas essa necessidade por adaptação. Hoje vemos um mundo completamente diferente; o que também vem exigindo uma nova postura dos profissionais, que precisam adquirir novas habilidades e competências, com velocidade e flexibilidade.
Contudo, para entender melhor esse processo de educação continuada, e como começar a aplicá-lo na rotina, existem quatro pilares do conhecimento definidos pela organização Lifelong Learning Council Queensland (LLCQ), que são fundamentais e que devem ser considerados, são eles: Aprender a Conhecer; Aprender a Fazer; Aprender a Conviver; e Aprender a Ser. Respectivamente, o primeiro pilar diz respeito a uma atitude pessoal, como você mesmo pode se beneficiar das oportunidades de aprendizado e como aproveita o conhecimento que recebe ao longo da vida; o segundo pilar está mais relacionado a prática do conhecimento, algo além da teoria, é executar tarefas para desenvolver habilidades – correr o risco de errar, para poder acertar no futuro.
O terceiro pilar é sobre convivência, aprender a lidar com pessoas – trabalhar em conjunto, administrar conflitos e ser mais empático. Por fim, o último pilar é resumidamente uma junção de todos os outros, é ser um aprendiz de verdade – um lifelong learner, é sobre essência – ser naturalmente uma pessoa com desejo pelo conhecimento.
Em paralelo, também surge a necessidade de investir em educação continuada dentro das organizações. Steve Jobs, um dos mais bem sucedidos empresários no mundo já dizia “Stay hungry, stay foolish (mantenha-se faminto, mantenha-se tolo)”, ao estimular que seus colaboradores continuassem a se desenvolver. Pensando nisso, atualmente, como as organizações podem incentivar essa questão dentro do ambiente corporativo?
Um dos pontos mais importantes para fortalecer a cultura do conhecimento é simplificar o acesso e os processos de aprendizagem; isto é, já que muitas das pessoas associam qualificação aos métodos tradicionais encontrados na maior parte das instituições, o intuito é demonstrar que é possível aprender sempre, até mesmo no dia a dia, sem precisar necessariamente optar por caminhos mais formais de ensino. Lives e palestras, mais dinâmicas e intuitivas, são ótimos métodos de passar conhecimento, envolvendo naturalmente as pessoas no assunto.
Outro ponto, que também é extremamente relevante, mas um pouco mais subjetivo e abstrato, que interfere diretamente na busca por aprendizado, é o “Protagonismo”. Somos os protagonistas da nossa própria história; e por isso, o interesse e a busca pelo conhecimento partem do próprio indivíduo – é uma inclinação pessoal. Todas as pessoas possuem particularidades e aspirações próprias; e a opção é de cada um! É preciso escolher – viver para aprender, conhecer e se reinventar. Conteúdo e informação é o que não falta; hoje no mercado e no mundo corporativo há diversas oportunidades de aprimoramento – como mentorias, trilhas de capacitação e muito mais.
Em suma, está claro que a educação continuada é um caminho de desenvolvimento pessoal, e também é uma prática que tem ganhado espaço em todos os âmbitos da vida. No ambiente corporativo, é uma competência que tem sido percebida – especialmente neste momento de significativas transformações. No futuro teremos, ainda mais, novos processos, novas tecnologias e diferentes comportamentos; e para que possamos acompanhar essa evolução, o que realmente vai importar será a nossa capacidade de aprender e transformar.
Por Valdirene Soares, diretora de RH da Bradesco Seguros