Ao invés de ter medo de tecnologia, precisamos aprender como criar novas ferramentas
Com as frequentes transformações tecnológicas, vivemos em um ambiente em que as mudanças acontecem de forma muito rápida, em todos os setores. Para se ter uma ideia e para ficar apenas em um exemplo simples, a média de tempo para a fabricação de um carro caiu drasticamente nos últimos anos graças a ajuda de robôs, que atualmente fazem grande parte do trabalho antes desenvolvido somente pelo homem. Isso, somado ao desempenho ruim da economia dos últimos anos, fez com que o desemprego nas montadoras crescesse consideravelmente.
E essa é uma tendência que aumentará ainda mais nas próximas décadas, em diferentes ramos. Afinal, no mundo em que vivemos, as inovações crescem de forma exponencial. Crianças já nascem em um mundo digitalizado, tendo acesso à tablets e smartphones. Precisamos estar preparados e rápido. A geração que já está na primeira infância precisará disso.
Para tal, acho válido compreender o movimento do século XIX conhecido como ludismo. Quando, nos primórdios da revolução industrial, trabalhadores ingleses, principalmente do ramo de fiação e tecelagem, quebraram inúmeras máquinas das fábricas. O ato foi uma forma de protestar contra práticas consideradas fraudulentas e enganosas, pois os trabalhadores acreditavam que o maquinário ia contra os valores tradicionais da época e, consequentemente, geravam desemprego.
Ou seja, podemos dizer, de uma maneira simplista, que o ludismo foi uma forma de protestar contra o progresso. Trazendo para o mundo atual, seria um protesto contra os novos softwares.
No entanto, precisamos compreender o ludismo para fazer exatamente o oposto. Ao invés de ter medo de tecnologia, os trabalhadores precisam aprender como criar novas ferramentas e dar manutenção para as mesmas, dar condições para o desenvolvimento de mão de obra qualificada e produtos relacionados a todo esse novo mundo da inovação.
Os governantes precisam criar novas legislações e dar incentivos fiscais como forma de facilitar a criação de novas empresas de tecnologia. Impulsionar polos tecnológicos. Precisam oferecer condições de qualificar o trabalhador para minimizar o impacto inevitável da chamada 4ª revolução industrial ou revolução informacional. As mudanças estão em ritmo acelerado não só nas indústrias, mas também na pecuária, no comércio e na prestação de serviço. Enfim, todos os setores da economia estão em transformação por causa das conquistas produzidas por meio de grandes investimentos feitos em pesquisas nos países desenvolvidos.
Infelizmente, hoje em dia, o nosso país mais sente o impacto dos investimentos feitos lá fora do que participa ativamente das novas descobertas. Mas essa realidade precisa mudar. O Brasil pode e deve ser um participante ativo dessas transformações. Ao invés de esperar a repercussão do progresso, temos que gerá-lo aqui. Temos que reter nossos cientistas, dar condições nas universidades para que eles não sejam obrigados a sair do país para fazer novas descobertas. Temos milhares de jovens empreendedores interessados em startups, mas que não conseguem condições de continuar.
Há mais de 7 anos trabalhando com o desenvolvimento de softwares, atuando diariamente com empresas inovadoras e com pessoas preparadas para o novo mundo, percebi que precisamos ser aliados e impulsionadores da revolução digital. Não podemos fechar os olhos e deixar o assunto de lado. Se não, o Brasil ficará mais uma vez para trás.
Por Thiago Moya, CEO da BluePen, empresa que há 7 anos viabiliza a criação de aplicativos funcionais, com ideias originais totalmente personalizadas. Já trabalhou no desenvolvimento de mais de 90 aplicativos, chegando ao ranking de mais vendidos da AppleStore.