A pandemia despertou a necessidade de investimentos em qualificação e reciclagem de colaboradores, tornando o upskilling e o reskilling uma realidade dos contratantes e um diferencial de retenção de candidatos. Essa é a principal constatação do levantamento, realizado com 664 recrutadores consultados pela Robert Half, primeira e maior empresa de recrutamento especializado no mundo, em parceria com a Fundação Dom Cabral, sobre as práticas de upskilling e reskilling, ou seja, qualificação para aprimoramento e requalificação de habilidades.
Segundo a pesquisa, 66% dos profissionais responsáveis pelo recrutamento nas empresas, ou que têm participação no processo de seleção, acreditam que contratar profissionais qualificados hoje está difícil ou muito difícil. Desses, 42% afirmam ter vagas abertas por não conseguirem profissionais adequados para as funções disponíveis.
Entre as principais razões da dificuldade, os recrutadores apontam: a ausência de habilidades técnicas essenciais para a vaga (49,85%); os melhores talentos estão empregados (45,63%); o pacote de remuneração da empresa em que atuam não é competitivo (39,01%); e os candidatos não têm as habilidades comportamentais necessárias à função (38,4%).
“Essa percepção dos recrutadores faz com que os profissionais mais preparados e qualificados encontrem ainda mais oportunidades de trabalho e sejam bastante disputados, principalmente neste momento de recuperação e reestruturação do mercado”, destaca Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
Pandemia incentiva investimentos
Segundo os entrevistados, as condições de trabalho decorrentes da pandemia de covid-19 intensificaram a necessidade de investimentos em upskilling e reskilling, período em que 40% passaram a oferecer treinamentos dessa natureza.
De acordo com Paul Ferreira, professor e diretor do Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral, “isso demonstra a maior necessidade de adequação aos novos tempos, principalmente no que diz respeito às novas rotinas de trabalho e às tecnologias aplicadas durante o período de distanciamento”.
Segundo os entrevistados, as áreas que mais praticam upskilling e reskilling são: gestão de pessoas (40,85%); tecnologia da informação (36,9%); e vendas e marketing (35,5%). As companhias de grande porte foram as que mais passaram a qualificar seus funcionários durante a pandemia. Nelas, os fatores que levam à adoção de práticas de aperfeiçoamento e reciclagem são: a cultura da empresa (59,13%); mudanças organizacionais (56,9%); e a necessidade de treinar funcionários em novas tecnologias (49,57%).
Quando perguntados sobre as principais habilidades desenvolvidas nesses treinamentos, foram observados: capacidade de liderança e gerência (56,78%); pensamento crítico e tomada de decisão (46,69%); e adaptabilidade e aprendizado contínuo. As soft skills e habilidades comportamentais aparecem apenas na quarta colocação, com 32,23%.
Desafios e vantagens do upskilling/reskilling
De acordo com os executivos, o maior benefício da prática é o aumento de produtividade (59,4%). Em seguida, 57,5% consideram a retenção de funcionários um dos benefícios mais importantes, seguida da possibilidade de evitar a contratação de novos funcionários (36,3%).
“Esses números indicam o forte caráter de retenção de talentos das práticas de upskilling e reskilling nas companhias. Além do impacto direto no dia a dia da companhia, por permitir que os líderes desenvolvam times cada vez mais especializados, a companhia se beneficia ainda da reputação de boa marca empregadora, que sustenta a evolução dos profissionais no próprio negócio”, afirma Mantovani.
Apesar das vantagens, o levantamento aponta que existem desafios importantes enfrentados pelas empresas na hora de investir em treinamentos de upskilling e/ou reskilling para seus colaboradores. Os principais apontados foram dificuldade de encontrar recursos (72,1%), falta de tempo (71,5%) e alto custo (56,8%).
Metodologia – O levantamento é resultado de uma sondagem conduzida pela Robert Half e pela Fundação Dom Cabral entre 4 e 30 de agosto de 2021, com base na percepção de 1.643 profissionais, divididos em três categorias: recrutadores (profissionais responsáveis pelo recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas); profissionais qualificados empregados; e desempregados (com 25 anos ou mais e formação superior).