Danos auditivos são irreversíveis e podem afetar principalmente o sonho de jovens trabalhadores de ascensão profissional
É fato que quem trabalha em alguns segmentos da indústria, aeroportos, emissoras de rádio, gravadoras e até mesmo na carreira musical está mais propenso à perda gradual de audição, por causa dos altos ruídos a que os ouvidos estão expostos diariamente. Cada vez mais um número maior de trabalhadores engorda as estatísticas de deficiência auditiva. Até mesmo operadores de call center podem ter o sistema auditivo comprometido, já que passam de seis a oito horas usando fones de ouvido unilaterais.
O setor de telemarketing cresceu de maneira rápida no Brasil, absorvendo centenas de milhares de pessoas e transformando-se no maior empregador na área de serviços. A grande maioria dos funcionários é jovem, que terminou o ensino médio ou cursa uma universidade, e precisa exercer a função para pagar os estudos ou complementar a renda familiar. Mas se o teleatendimento gera oportunidades de trabalho, também pode trazer riscos à saúde, entre eles a perda de audição, conforme comprovam estudos.
A PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído) é um mal que pode atingir todos os trabalhadores expostos a sons acima de 80 decibéis. Pode ser considerada uma doença ocupacional e vem chamando a atenção principalmente dos médicos otorrinos e fonoaudiólogos. A Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) aponta que cerca de 35% das perdas da audição no país são consequência de sons intensos presentes no ambiente de trabalho.
O que mais preocupa os especialistas, em relação aos operadores de telemarketing, é o uso do fone de ouvido unilateral com volume variando de 60 a 90dB. Esse equipamento pode causar danos irreversíveis à audição se não for usado corretamente. Estudos comprovam que muitos desses trabalhadores desenvolvem primeiro perdas auditivas unilaterais progressivas, tornando-se depois bilaterais.
A fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas, dá orientações para evitar o mal. “O operador de telemarketing precisa sempre fazer o revezamento do fone do ouvido direito para o esquerdo; dar pausas de pelo menos 10 minutos para cada hora de trabalho; e manter o volume baixo, em torno de 60 decibéis, nível normal de uma conversa. Além disso, deve realizar exames audiométricos anualmente para checar seu nível de audição”, aconselha.
Com relação ao uso correto do headset – tipo de fone utilizado no call Center –, muitos operadores dizem que não fazem a troca de ouvido por hábito, por sentirem maior conforto em determinada orelha ou ainda por terem a sensação de ouvir melhor de um lado do que de outro. O uso excessivo do fone em apenas um ouvido pode esgotar a energia mental.
Outro grave problema constatado é que a maioria dos funcionários de call center prefere aumentar o volume do headset para ouvir melhor o cliente, visto que normalmente o ambiente de trabalho é bastante ruidoso. Tais descuidos podem prejudicar a audição do profissional, comprometendo a qualidade de seu trabalho e seus anseios de uma futura melhoria profissional.
“É de fundamental importância que haja um controle rígido quanto às medidas preventivas em relação à saúde auditiva do operador de call center. No entanto, quando já existe perda de audição, uma das soluções é o uso de aparelho auditivo. Quanto mais rápido o problema for detectado, e se optar pelo aparelho, melhor será para estancar a progressão dessa perda auditiva”, alerta Isabela Carvalho.
Depois de procurar o médico otorrinolaringologista, cabe aos fonoaudiólogos indicar qual tipo e modelo de aparelho atende às necessidades do paciente. Atualmente, há uma diversidade de aparelhos auditivos, pequenos e discretos, que não afetam a beleza e vaidade. Os aparelhos da Telex, por exemplo, têm várias cores e modelos, design moderno, tecnologia digital e são quase invisíveis no ouvido – alguns são até mesmo invisíveis pois ficam dentro do canal auditivo. Além disso, são adequados para os diferentes graus de perda de audição.
De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), de 2011, cerca de 28 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência auditiva, o que equivale a 14,8% da população nacional. Nessa porcentagem, boa parte dos casos se dá pela perda auditiva induzida por ruídos em locais corporativos.