Promoção do sucesso organizacional por meio da saúde financeira dos colaboradores
Estela Regulle – Mentora financeira e consultora evolutiva
A época em que uma pessoa era contratada simplesmente para cumprir um papel e ir embora já foi superada — ou pelo menos deveria ter sido. É indiscutível que as empresas reconhecem que funcionários bem treinados, motivados e com saúde física e mental em dia são grandes aliados no desempenho positivo dos negócios. Hoje, os resultados são cada vez mais difíceis de alcançar devido à maior concorrência, competitividade, avanços tecnológicos e, sem dúvida, o capital humano é o ativo mais importante das companhias.
No entanto, muitos negligenciam a importância da saúde financeira de cada um dos seus colaboradores e o quanto essa variável pode afetar o rendimento de uma pessoa. Falar sobre dinheiro ainda é um grande tabu e ter as contas desequilibradas normalmente causa na pessoa afetada uma sensação de incapacidade, vergonha, ansiedade, irritabilidade, medo e dificuldades para dormir — sentimentos que geram muito desconforto.
A mente de quem está endividado fica boa parte do tempo buscando respostas, pensando em como sair da situação em que se encontra. Isso pode envolver pegar mais um empréstimo bancário, pedir dinheiro emprestado ou vender algo importante, tudo acompanhado por um sentimento de culpa e até raiva de si mesmo. É plausível acreditar que uma pessoa assim perturbada seja capaz de prestar plena atenção em suas tarefas no trabalho e estar apta a dar o melhor de si para atingir os objetivos da empresa? Definitivamente, não.
E o que leva uma pessoa a se endividar? Falta de educação financeira é um dos fatores mais relevantes nesse cenário, resultando em gastos errôneos, uso indevido de cartões de crédito e cheque especial, compras por impulso e aquisição de bens de alto valor sem o devido planejamento. Falta de orçamento também contribui. São cenários que levam ao desequilíbrio e até à depressão.
E qual o papel das empresas nesta situação? É crucial, senão fundamental, primeiro por necessitar de um funcionário íntegro e bem-disposto para cumprir suas tarefas e, segundo, por ter a capacidade de intervir de forma positiva e mudar o cenário dessa pessoa, devolvendo-lhe a dignidade.
Mas, como fazer isso? Primeiro, tendo ciência da situação. Promover um diálogo com alguém da empresa ou um especialista contratado, preparado, com conhecimentos financeiros e que preste atenção na pessoa, em um ambiente favorável e acolhedor. É essencial deixar a pessoa falar, sem julgamentos ou interrupções, buscando entender o real cenário e propor ideias, soluções e caminhos. Estar junto da pessoa para dar os passos necessários para que se chegue ao fim do ciclo de endividamento é fundamental, lembrando que muitas vezes esta jornada é longa.
Educar para que a pessoa não volte a incorrer no mesmo erro. Falamos aqui de uma situação extrema, pontual e emergencial. Mas, considerando a situação geral, 76,6% das famílias brasileiras estão endividadas, e destas, um terço está com atrasos nas dívidas. Com certeza, esta é uma situação muito recorrente nas empresas. Investir em treinamentos que eduquem financeiramente, ensinando os funcionários a usar o tripé ganhar, gastar e poupar com sabedoria, a fazer um orçamento e a conhecer e controlar emoções inerentes ao dinheiro, incentivando o investimento no futuro e na educação desses funcionários, é uma fórmula que certamente trará bons frutos.
Uma pessoa equilibrada financeiramente consegue pagar suas contas em dia, manter segurança, saúde, alimentação e lazer para si e para seus familiares e ter uma reserva financeira que lhe preserve em momentos delicados e que lhe permita ter realização pessoal.
Investir no conhecimento e no bem-estar da equipe é certamente o maior retorno financeiro que um empresário terá, com pessoas focadas, comprometidas, engajadas e orgulhosas de fazerem seus trabalhos e contribuírem para o crescimento de quem as ajuda a crescer.
Sucesso!